terça-feira, 29 de julho de 2008

Pela música, mas sobretudo pela mensagem!



Vi isto hoje e achei verdadeiramente inspirador!

Já agora fica aqui o link para quem quiser saber mais e/ou contribuir:

http://www.standup2cancer.org/

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Paraísos prostituídos ou uma crónica porreira do MST

Miguel Sousa Tavares no Expresso on-line:

A primeira vez que passei uns dias de Verão em Porto Covo, ainda o Rui Veloso não tinha imortalizado a aldeia e a sua ilha do Pessegueiro. Pouco mais havia do que aquela simpática praceta central, de onde irradiavam três ou quatro ruas para baixo, em direcção ao mar, e duas ou três para os lados. Tinha nascido uma pequena urbanização de casas de piso térreo, uma das quais me foi emprestada por um amigo para lá passar uns quinze dias. Havia a praia em frente, magnífica, e a angustiante dúvida de escolher, entre três restaurantes, em qual deles se iria comer peixe, ao jantar.
Nos dois anos seguintes, arrastado pela paixão pela caça submarina, aluguei uma parte de casa em Vila Nova de Milfontes, com casa de banho autónoma e duche no pátio interior, ao ar livre. Instalei-me com o meu material de mergulho e um pequeno barco de borracha, no qual ia naufragando quando o motor pifou e comecei a ser arrastado pela corrente do rio Mira em direcção aos vagalhões à saída da baía. Mas não era o sítio adequado para caça submarina e rapidamente troquei a incerteza da minha destreza pelo esplendor de uma tasquinha branca, de quatro mesas apenas, onde escolhia de manhã o peixe que iria comer à noite. Foram dias de deslumbramento, naquela que eu achava ser provavelmente a mais bonita terra do litoral português.
Mas foi Lagos, claro, a primordial e mais duradoura das minhas paixões. Tudo o que eu possa escrever sobre a fantástica beleza da cidade caiada de branco, com ruas habitadas por burros e polvos secando ao sol pregados aos muros, uma gente feita de dignidade e delicadeza, praias como nenhumas outras em lado algum do mundo, a terra vermelha, pintada de figueiras e alfarrobeiras, prolongando-se até às falésias que ficavam douradas ao pôr-do-sol, enquanto as traineiras passavam ao largo em direcção aos seus campos de pesca nocturnos, tudo isso parece hoje demasiadamente belo para que alguém possa simplesmente acreditar. Se eu contasse, diriam que menti - e eu próprio, olhando hoje Lagos, também acho que seguramente foi mentira.
A partir de Lagos, fui descobrindo todo o barlavento algarvio, cuja luz é tão suave que parece suspensa, como se não fizesse parte do próprio ar. Descobri a solidão agreste de Sagres, onde se ia aos percebes ou apenas olhar o mar do Cabo de S. Vicente, na fortaleza, que era rude como o vento e o mar de Sagres, e hoje é uma casamata de betão que, ao que parece, se destina a homenagear a moderna arquitectura portuguesa. Descobri o charme antiquado da Praia da Rocha, onde se ia à noite ver as meninas de Portimão, ou o "souk" em cascata de Albufeira, onde se ia ver as inglesas e dançar no Sete e Meio. E descobri outras terras de pescadores e veraneantes, como Armação de Pêra ou Carvoeiro, praias de areia grossa e mar transparente como eu gosto, cigarras gritando de calor nas arribas, polvos tentando amedrontar-me quando os olhava debaixo de água.
Não vale a pena contar. Quem teve a sorte de viver, sabe do que falo; quem não viveu, não consegue sequer imaginar. Porque esse Sul que chegava a parecer irreal de tão belo, esse litoral alentejano e algarvio, não é hoje mais do que uma paisagem vergonhosamente prostituída. Sim, sim, eu sei: o desenvolvimento, o turismo, a balança comercial, os legítimos anseios das populações locais, essa extraordinária conquista de Abril que é o poder local. Eu sei, escusam de me dizer outra vez, porque eu já conheço de cor todas as razões e justificações. Não impede: prostituíram tudo, sacrificaram tudo ao dinheiro, à ganância e à construção civil. E não era preciso tanto nem tão horrível.
Podiam, de facto, ter escolhido ter menos turistas em vez de quererem albergar todos os selvagens da Europa, que nem sequer justificam em receitas os danos que em seu nome foram causados. Podiam ter construído com regras e planeamento e um mínimo de bom gosto. Podiam ter percebido que a qualidade de vida e a beleza daquelas terras garantiam trezentos anos de prosperidade, em vez de trinta de lucros a qualquer preço.
E todos os anos, por esta altura, percorrendo estas terras que guardo na memória como a mais incurável das feridas, faço-me a mesma pergunta: Porquê? Porquê tanta devastação, tanto horror, tanta construção, tanta estupidez? Tanto prédio estilo-Brandoa, tanto guindaste, tanto barulho de obras eternas, tanta rotunda, tanta 'escultura' do primo do cunhado do presidente da câmara, e sempre as mesmas estradas, os mesmos (isto é, nenhuns) lugares de estacionamento, os mesmos (isto é, nenhuns) espaços verdes? Não, nem mesmo o mais incompetente dos autarcas pode olhar para aquilo e não entender a monumental obra de exaltação da estupidez humana que está à vista. Não, não é apenas incompetência, nem mau gosto levado ao extremo, nem simples estupidez. Em muitos e muitos casos a razão pela qual o litoral alentejano e o barlavento algarvio foram saqueados, sem pudor nem vergonha, tem apenas um nome: corrupção. Acuso essa exaltante conquista de Abril, que é o poder local, de ter destruído, por ganância dos seus eleitos, todo ou quase todo o litoral português. Acuso agora José Sócrates de não ter tido a coragem política de cumprir uma das promessas do seu programa eleitoral, que era a de progressivamente financiar as autarquias a partir do Orçamento do Estado, em exclusivo, deixando de lhes permitir financiarem-se também com as receitas locais do imobiliário - deste modo impedindo que quem mais construção autoriza, mais receitas tenha. Acuso o Governo de José Sócrates de ter feito pior ainda, inventando essa coisa nefasta dos projectos PIN (de interesse nacional!), ao abrigo dos quais é o Governo Central que vem autorizando megaconstruções que as próprias autarquias acham de mais. Acuso esta gente que só sabe governar para eleições, que não tem sequer amor algum à terra que os viu nascer, que enche a boca de palavrões tais como "preservação do ambiente" e "crescimento sustentado" e que não é mais do que baba nas suas bocas, de serem os piores inimigos que o país tem. Gente que não ama Portugal, que não respeita o que herdou, que não tem vergonha do que vai deixar.
Eu sei que não serve de nada. Ando a escrever isto há trinta anos, em batalhas sucessivamente perdidas - ontem por uma praia, hoje por um rio, amanhã por uma lagoa. E lembro-me sempre da frase recente de um autarca algarvio contemplando a beleza ainda preservada da Ria de Alvor e sonhando com a sua urbanização: "A natureza também tem de nos dar alguma coisa em troca!". Está tudo dito e não adiante dizer mais nada.
Acordo às oito da manhã destas férias algarvias, longamente suspiradas, com o ruído de chapas onduladas desabando, martelos industriais batendo no betão e um pequeno exército de romenos e ucranianos construindo mais um projecto PIN numa paisagem outrora oficialmente protegida. "É o progresso!", suspiro para mim mesmo, tentando em vão voltar a adormecer. Sim, o progresso cresce por todos os lados, sem tempo a perder, sem lugar para hesitações, como um susto. Tenho saudades, sim, dos sustos que os polvos me pregavam no silêncio do fundo do mar. E tenho saudades de muitas outras coisas, como o polvo do mar. Sim, eu sei: estou a ficar velho.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Grande Promoção


Quem pode deixar passar promoções fantásticas como esta?

Eu QUERO esta "secretária wengé" e nem preciso vê-la!

Mas alguém no seu bom juízo não aproveita um desconto de 0,04%?

Quem é que disse que não compensa esperar por promoções? Ah?

Agora engulam em seco... Só sabem dizer mal das grandes superfícies! Seus ingratos...

:)

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O Urso e o Touro

Um artigo interessante e de algum modo "desencorajador" no Expresso on line de hoje:

Crise das Bolsas - "Urso" poderá estar activo até 2017

A bolsa norte-americana estará ainda a meio da correcção em baixa iniciada depois dos "crashes" bolsistas de 2000. O analista Adam Hamilton afirma que o período de "urso" ("bear", na designação técnica) poderá durar até 2017.

O período de baixa nas Bolsas americanas iniciado em 2000 ("crash" do Nasdaq e depois do Dow Jones) poderá, ainda, durar até 2017. O prognóstico é do analista financeiro Adam Hamilton que tem estudado o que tecnicamente se designam por "ciclos longos de valorização" das bolsas de acções.
O actual ciclo bolsista ter-se-ia iniciado em 1982, arrancando com um período de "touro" ("bull", segundo a designação técnica) em que predomina a tendência altista das valorizações em bolsa, com um disparo do indicador P/E (preço de acção sobre os ganhos estimados, o que dá um multiplicador) até valores recorde. Esse período de acção do "touro" teria findado em 2000 com os "crashs" bolsistas. Seguiu-se um período de correcção desses rácios P/E elevados (que chegaram, em média, a estar próximo do multiplicador 50, no período auge da "bolha", ou seja em média uma acção valia 50 vezes mais do que o ganho estimado). Aos períodos de correcção dá-se o nome de "urso" ("bear").
O ciclo completo, historicamente, dura um ciclo de renovação geracional, entre 30 a 35 anos. Deste modo, o pico bolsista que ocorreu em 2000, situou-se a meio desse ciclo. Historicamente, em média, um "touro" e um "urso" andam à solta pelas bolsas 17 anos cada um. Pelo que, o actual "urso" só deverá hibernar lá para 2017, segundo Hamilton.
A meio desta caminhada do "urso", o rácio médio do P/E do Dow 30 (Dow Jones Industrial Average, um indicador de avaliação da bolsa norte-americana) costuma atingir a sua média histórica - um multiplicador de 14. O que terá acontecido em final de Junho. Contudo, a correcção não pára por aí - historicamente, a bolsa americana só manda o "urso" hibernar quando o P/E em média chega aos 7. Aconteceu isso nos anos 1980.
Isso não significa que não ocorram oscilações, ou seja mini-ciclos de alta e baixa. Mas a tendência de fundo será de correcção em baixa do P/E.