Meus caros,
Não posso deixar passar este momento de alegria transbordante da massa adepta do Leça FC sem vos transmitir este sentimento que, no que diz respeito aos participantes neste blog, tenho muito orgulho em partilhar com o JAS!
Ser de um clube pequeno (em contraponto com os "grandes") é diferente, e quando se é do "maior dos pequenos" como é o caso do Lecinha, então estamos a falar de uma verdadeira paixão...
Quando entramos no Estádio do Leça não temos lá dentro 40 ou 50.000 adeptos que não conhecemos, temos algumas (poucas) centenas cujas caras já nos são perfeitamente familiares. A sensação de ser o "nosso clube" é maior do que em relação ao grande (pelo menos eu sinto isso quando comparo com o SCP), porque para além da paixão também existe um afecto muito grande pelo nosso pequeno clube e pelas suas conquistas... que não podendo ser a Liga dos Campeões, que seja pelo menos uma subida à Segunda Divisão!
E é esse sentimento, é essa ligação tão próxima que temos ao nosso pequeno clube que lhe dá vida, que lhe dá "alma", que é algo que os pequenos clubes têm e que os fazem também ser "grandes"...
Eu (e o JAS) somos tão leceiros quando defrontamos o Benfica ou o Alijoense. Quantos de vós continuariam a deslocar-se ao estádio do vosso clube se ele defrontasse o Alijoense e não o Chelsea ou o Manchester United? Quantos de vós continuariam a apoiar indefectivelmente o vosso clube todas as semanas se ele perdesse mais vezes do que ganha?
A última década foi penosa para o Lecinha, com descidas sucessivas até à terceirona, com o fim do clube à vista, com todo o tipo de problemas...
Mas resistimos! E levantámo-nos! E isso aconteceu poque o Leça é um clube com alma e com uma grandeza que quem o não sente como seu tem dificuldade em compreender... E isso faz toda a diferença...
Leça! Leça! Leça!
Abraço,
AMR
11 comentários:
Depois dessa dissertação apaixonada, só tenho uma coisa a fazer... Onde é que assino a proposta de sócio?
Eu reconheço toda a legitimidade da tua opinião.
Aliás, os sócios e simpatizantes dos clubes mais pequenos têm toda a minha admiração e merecem todo o crédito, aliás como os próprios clubes que defendem.
Defendo absolutamente que as pessoas sejam envolvidas com as instituições representativas do orgulho do local em que nasceram e/ou cresceram.
Trata-se de um elemento unificador e um modo de expressar e defender o orgulho do que é nosso.
Dito isto, gostaria de discordar contigo apenas num ponto, o da paixão clubista.
Não penso que seja justo pensar que serás mais apaixonado e ferveroso enquanto adepto de um clube pequeno face aos adeptos dos ditos grandes.
E quando me refiro aos adeptos dos clubes grandes, queria realçar que falo dos verdadeiros adeptos e não dos simpatizantes que precisam necessariamente (vai-se lá saber porquê!) de ser de um dos 3 grandes clubes.
Desto modo, gostaria de argumentar com a minha própria experiência.
Nasci e cresci na cidade do Porto, relativamente perto do primeiro estádio do meu clube.
Os primeiros jogos de futebol a que assisti foram, ainda com tenra idade, na bancada de imprensa do estádio da Antas, acompanhando o meu pai que, na altura, era jornalista do jornal do FC Porto. E sobretudo por isso tive o previlégio de conhecer pessoalmente alguns dos jogadores dessa altura (estamos a falar no período entre sensivelmente 79 e 83).
Nas primeiras equipas, de que me lembro ter visto jogar, pontuavam jogadores que poucos se lembrarão como o Mike Walsh, o Fonseca, o Rodolfo, o Gabriel, o Romeu, o Costa, o Jaques, já aparecia um miúdo craque dos juniores o Gomes...
Desde essa altura fiquei um espectador activo, efectivo e afectivo do FCP, raramente falhando um jogo em casa e assistindo fora de acordo com a disponibilidade do meu pai.
Desconsolei-me com os campeonatos perdidos no ínicio dos anos 80 para o Benfica e o Sporting, já após a inversão conseguida com o Bicampeonato conquistado nos finais de 70, pelo Pedroto.
Chorei como nunca com a final das Taças das Taças perdida em 84 em Basileia, frente à grande Juventus, tinha então eu 9 anos!
Apercebi-me do desgosto colectivo causado pela morte do Pedroto, através do meu pai, que era seu amigo. Assim como do Morais, o técnico-adjunto que morreria um par de anos depois.
Lembro-me de um jogo de ínicio de época em que vi pela primeira vez um miúdo, que tinha vindo do Sporting, a fazer coisas com a bola como nunca tinha visto até então, o grande Paulo Futre, peça-chave no Bicampeonato de 84/85 e 85/86, que conduziria à maior das conquistas, no Pratter, em Viena no dia 27 de Maio 1987, mas sobretudo ao arranque definitivo do Porto para a hegemonia, que vem patenteado nos últimos 25 anos.
Mas lembro-me de muito mais, dos jogos das modalidade amadoras no pavilhão Américo de Sá (vê lá tu que ainda me lembro dele como presidente!)a transbordar de gente.
Dos míticos Tó Ferreira, Steve Rocha e Lee do basquete, da equipa de sonho do hóquei (campeões europeus) com os Vitor Hugo e Bruno, o Alves e o Realista. Inclusivé me recordo do médico actual do futebol,o Puga a capitanear a equipa de voleibol.
Enfim... Isto tudo para te tentar ilustrar que um clube grande pode ser o clube da terra e do coração de alguém, com a mesma propriedade e legitimidade com que tu sentes o Leça como teu.
Provavelmente isto não fará muito sentido para ti, porque és adepto de duas realidades, o teu clube de coração e o teu clube grande.
No meu caso, o meu clube grande é igualmente o meu clube "pequeno", o da terrinha, o da paixão desmedida e irracional.
Já me esquecia...
Parabéns ao Leça, pela subida de divisão!!!
Caro RMB,
Compreendo o teu ponto de vista e não ponho em causa a paixão que sentes pelo FCP, tal como não ponho a minha pelo SCP...
O Sporting não é o meu "clube grande". O Sporting também é o meu clube.
Só que a minha relação com o Lecinha é diferente. Sinto-o como mais meu do que o Sporting, nomeadamente porque o "partilho" com muitos menos adeptos...
O Leça é praticamente um clube de famílias em que todos nos conhecemos na bancada. É um clube em que quando surgem os problemas a resolução tem que vir de dentro, porque não temos expressão para obter apoios externos. Numa expressão dos tempos da faculdade, sinto que a minha utilidade marginal enquanto sócio do Leça é muito superior à minha utilidade marginal enquanto sócio do Sporting...
É por isso que o Leça é mais meu (e do JAS) do que o SCP (ou o FCP).
Eu não consigo influenciar disciplinarmente um jogo do Sporting. Já no caso do Leça não acho que seja bem assim... Um berro da bancada para dentro do campo numa falta do adversário a dizer "Olha o amarelo! É sempre o mesmo gajo!" às vezes ajuda o árbitro a decidir... É óbvio que no Dragão ou em Alvalade também fazem isso, mas são uns 30 ou 40.000 de cada vez... Não é a mesma coisa!
No dia em que eu morrer o Lecinha vai sentir mais a minha falta do que o Sporting e eu também vou sentir mais a dele do que do SCP...
Abraço,
AMR
A paixão pelo Leça é...
- mais do que razão, significa emoção, um estado de alma, quiçá,um modo de vida;
- tem a sua génese no "berço", por isso, inexplicável a quem e pouco interpretável por quem não é leceiro;
- é passar as tardes de domingo junto da familia leceira, alternativamente, a andar a "comer" montras no Shopping, "devorar" a repetição do "Dança Comigo" na RTP ou entrar em processo depressivo por ter sido atingido 5/6 do fim-de-semana;
- é participar, ainda que passivamente, em incontáveis assembleias gerais que decorriam às sextas-feiras à noite(?!) para definição do futuro imediato do clube;
- é receber telefonemas em Malta apenas para ouvir o hino do Leça e os gritos duma "assembleia" emocionada e em delírio por, finalmente, ter sido eleita uma comissão dirigente, o que significaria, que o Leça Futebol Clube, ainda que, moribundo, sobreveria mais uma vez;
- é sentir uma raiva pouco comum quando o Leça desceu, injustamente, à 2ª Liga após o "Caso Guímaro"...porque se estamos num Estado de Direito, o Leça jamais desceria se fossem aplicadas as leis desportivas;
- é "ir à rede", como aconteceu este ano no "Estádio dos Sonhos", em Ermesinde, quando o "nosso" Bruno marcou no último minuto de descontos o golo da vitória;
- é pagar 10 Eur para ver o Rebordosa - Leça e acompanhar com o meu amigo Filipe Rocha (enorme leceiro e co-proprietário da papelaria mais conhecida do norte do país, a "Papelaria Espacial" em Matosinhos) o nosso clube por esse país fora em jogos contra adversários como: Tirsense, Canedo, Vilanovense, S. Pedro da Cova...
Por tudo isto, e muito mais, é uma experiência de vida e uma diversão ser leceiro, não é AMR? Seguramente, tão divertido quanto ser portista para o nosso amigo RMB (curiosamente, antes de te teres deslumbrado com o Paulo Futre num início de época de azul e branco, acho que já o tinha visto antes, ainda que não me lembre muito bem, uma vez que sou bastante mais novo que tu, num jogo de juniores FCP - SCP no antigo Estádio das Antas, mas aqui vestido de verde e branco). Como vês, não faço parte dos "portistas do Penta", mas, lamentavelmente, não sou "apaixonado" pelo FCP...as paixões não se escrevem, sentem-se, não se educam, nascem, não são infindáveis, são únicas, e, por isso, "gosto muito" do FCP, mas "amo" o Leça!!!
Não acho que quem não é leceiro, vá a tempo de amar o Leça, mas, claro, que ainda é possível de gostar muito do Leça...a proposta segue por fax ou e-mail, MPB? Juntem-se ao Filipe Rocha e vamos apoiar o Leça, porque o Leça vale a pena...
Já me esquecia...
Parabéns ao FCP, pelo bicampeonato!!!
Meus amigos AMR e JAS,
Tudo o que dizem é seguramente genuíno e intenso.
No entanto, só corrobora o que realmente quis transmitir.
O meu "Leça" é o FCP. Não fui eu que escolhi premeditadamente. Não me deu um dia para me decidir por um dos grandes e ter decidido que a cor azul seria a mais bonita.
Sou portista eventualmente pelas mesmas razões que vocês são leceiros.
A diferença é a minha paixão ter nascido e crescido pelo FCP.
Ao contrário de ti, JAS (e do António face ao SCP) eu sou "apaixonado" pelo FCP e não "gosto muito" de mais nenhum!
Provavelmente sou um privilegiado por o "meu" clube ser, no meu tempo de vida, um clube campeão e vencedor.
Mas eu conheci e cresci a gostar de um Porto diferente, que perdia muitos campeonatos e agradeço eternamente ao meu pai por me ter alimentado um sentimento tão forte por um clube que não havia ganho quase nada até então.
E existe por isso uma grande diferença entre ser "só" portista ou ser leceiro/portista, leceiro/sportinguista, vimaranense/portista, ex-salgueirista/portista.
Existe uma diferença entre ser espectador desde os 4 anos, ou começar a ver jogos no estádio aos 16, aos 20, ou aos 24!
E vocês provavelmente poderão corroborar isso, em relação ao vosso clube, o Leça!
Boas,
parece-me de facto a altura de intervir... Fico deslumbrado pelas descritas paixões do AMR e JAS sobre o Leça, são legitimas e louváveis... Agora desculpem lá, mas esse discurso de que quem é adepto dos grandes não entende, perdoem-me a expressão são balelas! Provavelmente, estarão a padronizar um portismo ou sportinguismo pelos vossos casos em que os dividem com o lecismo (se é que existe a expressão). Sou forçado a concordar com o meu irmão, o meu portismo não é comparavel ao do JAS, sou FCP desde que me conheço, sou FCP irracionalmente desde sempre, não sou FCP campeão Europeu ou Penta, sou antes disso, como referiu o meu irmão. Não divido o meu portismo com mais nada (talvez apenas com o Racing nos anos em que joguei lá, mas porque jogava, apenas isso). O meu portismo é o vosso lecismo + portismo e sportinguismo. É uno, é forte, é único! Sendo de um clube maior e mais organizado obviamente dispenso participação em assembleias mas isso não diminui a minha paixão, também pressiono os árbitros da bancada, eles é que não me ouvem...
Sou portista dos jogos contra o Famalicão de estádio vazio, chuva torrencial e frio extremo, assim como sou portista de estádio cheio também a chover contra a Lazio... sou do Porto que joga contra o Tirsense e Académico e é eliminado nessa competição secundaria que é a Taça de Portugal, como sou do Porto gigante, do Porto Europeu, do Porto G14, que joga para ganhar a CL, que joga para ser cada vez maior. A acrescer a este sentimento, sou Porto cidade, Porto região, sou FCP bandeira desse facto no país, na Europa, no Mundo! Sou FCP que é vaiado fora da cidade, que é inveja de outros, que é obstinada e injustamente atacado, por isso se torna grande e faz-me sentir, também eu, grande com isso. Sou portista que chora com derrotas como a de 84 em Basileia (então com 9 anos) ou com a derrota por penalties, em eliminatória contra a Sampdoria (em pleno estádio da Antas e então com idade de Faculdade). Sou portista que chora de alegria, com golos em cima da hora do Domingos contra o Feyenoord (estadio da Antas) ou do Costinha em Old Trafford.
Não contesto a vossa paixão, mas peço-vos é que não questionem a minha, não é maior, não é seguramente menor, é a minha, inatacável, incomparável, tem a dimensão do meu clube, é enorme, é imensa, é eterna, é única. É a melhor do mundo!
Caros Brochados,
Ninguém está a questionar a vossa paixão pelo FCP.
Mas seguramente vocês não entendem o que é ser adepto de um clube pequeno.
A diferença não está na paixão. Aí é a mesma coisa. Eu apenas consegui hierarquizar a minha paixão pelo Leça e pelo Sporting quando ambos se defrontaram na primeira divisão e eu não conseguia ver o Sporting do outro lado, mas apenas o adversário do Leça.
Aliás, a minha paixão pelo Sporting foi testemunhada pela SIC numa entrevista realizada na Corunha...
A diferença está no afecto que sentimos por algo que é efectivamente muito pequeno e que depende mais de nós do que um Porto ou Sporting, porque são muito grandes.
As paixões não se somam. Não se pode dizer que o que vocês sentem pelo FCP é igual ao que eu (ou o JAS) sentimos pelo Leça + Sporting (ou pelo Porto).
Acreditem que é diferente ser adepto de um clube pequeno como o Leça e o que eu sinto pelo Lecinha não retira espaço à minha paixão pelo Sporting.
Abraços,
AMR
P.S.: Não foi por acaso que não dei título ao meu post, porque aquela foto da massa associativa do Leça em delírio diz tudo para mim...
Já me esquecia...
Parabéns ao Sporting, pela Taça!!!
Caro JAS,
Este comentário é para ti e para todos os que acompanham o nosso Leça aos locais mais recônditos e inóspitos deste país...
Desde há alguns anos a esta parte que passei a ser apenas um Leceiro dos jogos em casa, o que não é mau dado que trabalho a mais de 300 kms de Leça da Palmeira. Por isso, gostaria de agradecer a todos os Leceiros que como tu acompanharam desde o início desta época o nosso clube nos pelados e ervados dessa terceirona pelo apoio que deram à equipa.
Esta subida deve-se muito a isso. À alma que incutiram nos jogadores.
Viva o Leça!
Abraço,
AMR
Enviar um comentário