sexta-feira, 14 de setembro de 2007

O Evitavel implica o Inevitavel....


Cronica do Jorge Maia no O JOGO (14.09.07)
(dica JAS)

Não me venham com falsos moralismos. Pelo carácter evitável do gesto acima, é inevitável não concordar com o JM.
Pessoalmente abstenho-me de dar opinião pois como certamente adivinharão seria catastrófica, para além disso, não estou, de todo, na disposição de debater Scolari com ninguém...

"Bate leve levemente

JORGE MAIA


Acordei ontem de manhã ao som dos gritinhos histéricos de uma multidão de virgenzinhas chocadas com a agressão de Scolari a Dragutinovic e ultrajadas pela falta de explicações do seleccionador nacional no final do jogo. Como se Scolari não tivesse passado os últimos anos a agredir meio-mundo sem dar satisfações a ninguém. Como se não tivesse agredido verbalmente inúmeros jornalistas sem consequências ou como se não tivesse insultado a inteligência colectiva dos portugueses com a ausência de explicações sobre as suas inexplicáveis escolhas para a Selecção Nacional. Pareceu-me tudo tão estranho que ainda me belisquei para ter a certeza de que não estava a dormir, apenas para soltar eu próprio mais um gritinho histérico que, felizmente, se confundiu na multidão.

Por mim, achei que Scolari esteve igual a si próprio no Portugal-Sérvia. Tal como fez desde que chegou a Portugal, escolheu uma equipa que não levou em consideração o momento de forma dos jogadores, até porque, ao contrário do que se foi vendendo quando toda a gente queria comprar, o seleccionador não acabou com as vacas sagradas, apenas se limitou a trocar de vacas. De resto,tal como de costume, mexeu tarde e de forma conservadora numa equipa que estava claramente a perder o controlo do jogo. E, finalmente, reagiu mal à contrariedade que ele próprio tornou inevitável descarregando a frustração em Dragutinovic. A diferença, talvez a única diferença para o que é habitual, foi o alvo. Desta vez, Scolari errou o alvo. E o erro pode sair-lhe caro.

DESCULPAS
Pedido ou oferta?


Ao fim da tarde de ontem, quase 24 horas depois do jogo com a Sérvia, lá conseguiram convencer Scolari a pedir desculpas. Visivelmente contrariado, ainda convencido da sua razão, Scolari lá se esforçou para reconhecer que talvez, se calhar, de certa forma, é possível que tenha errado. Zequinha foi mais convincente e está suspenso pela FPF por um ano..."

Acrescento apenas, que ninguém se esqueça do Abel Xavier, Rui Jorge, Paulo Bento, João Pinto... jogadores proscritos na Selecção, todos eles portugueses, todos eles bons atletas e bons profissionais e cujo mau momento que tiveram em termos de carga dramática, subjacente ao contexto em que ocorreram e à falta de discernimento ampliada pelo seu desgaste físico, em nada se equiparam ao jogo de 4ª feira e à condição de desgaste de um treinador.

Não há espaço de manobra Sr Madail... ou então está tudo doido!
Outra decisão que não a demissão (com justíssima causa) legitimará anteriores e futuras atitudes deste nível, perfeitamente indesejáveis e vergonhosas!

Bom fim de semana a todos.



sexta-feira, 7 de setembro de 2007

R.I.P. Pavarotti

Ontem morreu Luciano Pavarotti.
Não sou propriamente um fã, muito menos um "expert" nestes assuntos, mas é inegável que ele conquistou merecidamente um lugar de destaque na história da música.
É apontado, por quem sabe, como o maior tenor de todos os tempos, vendeu cerca de 100 milhões de discos em toda a carreira e ficará reconhecido como o homem que "democratizou" a ópera e o canto lírico.
Além de tudo, visto de fora e sem grande conhecimento de causa, parecia-me claramente uma "boa pessoa", um tipo sempre afável e bem disposto, apaixonado pelo que fazia e defensor de causas nobres.
Assim, fica aqui o nosso "importante" tributo.
O mundo fica obviamente mais pobre sem estas grandes figuras e devemos ficar felizes por termos sido contemporâneos deste grande vulto.
E é que era mesmo grande (chegou a pesar 180Kgs!).
Deixo-vos o exemplo máximo do seu talento.
A área chama-se "Nessun dorma", era a sua marca, o seu peso-pesado, como nos é dito pelo comentador italiano.
Coincidentemente, ou talvez não, foi o que cantou na sua última actuação, na abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2006, em Turim (vídeo).
Curiosamente o estádio em que decorreu a cerimónia é aquele onde joga a equipa de futebol pela qual tiffava, a grande Juventus (para além do Modena, clube da sua terra).
Finalmente gostava de vos deixar uma curiosidade:
"Nessun dorma" é uma área do acto final da ópera "Turandot", de Puccini.
A área, cujo título em português se traduzirá como "Ninguém durma", segue-se à proclamação pela Princesa Turandot de que ninguém deverá dormir, toda a gente deverá ocupar a noite na tentativa de descobrir o nome do príncipe deconhecido, Calàf, que lançou o desafio de caso o seu nome não fosse descoberto a "fria" Princesa Turandot casaria com ele.
Calàf canta, denunciando a sua certeza de que todos os esforços na tentativa de descobrir o seu nome serão em vão.
A letra é a seguinte:

Nessun dorma! Nessun dorma!
Tu pure, o, Principessa,
nella tua fredda stanza,
guardi le stelleche
fremono d'amore
e di speranza.
Ma il mio mistero e chiuso in me,
il nome mio nessun sapra!
No, no, sulla tua bocca lo diro
quando la luce splendera!
Ed il mio bacio sciogliera il silenzio
che ti fa mia!
Dilegua, o notte!
Tramontate, stelle!
Tramontate, stelle!
All'alba vincero!
vincero, vincero!


E em português será algo como:

Ninguém deverá dormir! Ninguém deverá dormir!
E tu, também, Princesa,
no teu quarto frio,
olha para as estrelas
que brilham com amor
e esperança!

Mas o meu mistério está encerrado em mim,
ninguém saberá o meu nome!
Não, não, eu di-lo-ei quando a minha boca
se encontrar com a tua, quando o amanhecer chegar!

E o meu beijo quebrará o silêncio
que te faz minha!

Desaparece, ó noite!
Desvaneçam, estrelas!
Desvaneçam, estrelas!
Ao amanhecer eu vencerei!
Vencerei, vencerei!

Isto é tudo muito bonito, a músia, a letra, a voz!
Pavarotti só não venceu um cancro no pâncreas, mas ganhou a imortalidade!