Artigo do neurocientista António Damásio na "Nature"Lesões no cérebro geram escolhas morais anormais 22.03.2007 - 09h50 Ana Gerschenfeld
Você sabe que uma dada pessoa tem sida e que tenciona deliberadamente infectar outras. Algumas dessas pessoas irão com certeza morrer. As duas únicas opções que você tem são deixar que isso aconteça ou matar a pessoa. Você carrega no gatilho? A mera hipótese de virmos a ser confrontados com uma escolha destas, mesmo que retoricamente, provoca-nos arrepios, tal é a nossa aversão natural à ideia de tirar a vida a outro ser humano. No entanto, há pessoas que respondem pela afirmativa quando este cenário imaginário lhes é colocado. E essas pessoas, que basicamente não hesitariam em obliterar uma vida humana "em nome do bem colectivo", apresentam lesões numa região do seu cérebro necessária à produção de emoções.
António Damásio, da Universidade da Califórnia do Sul (USC), Marc Hauser, especialista do comportamento animal da Universidade de Harvard, e os seus colegas quiseram saber o seguinte: perante um dilema moral deste género, será que os sentimentos que nos acossam são somente uma consequência do horror da situação evocada? Ou será, pelo contrário, graças ao nosso cérebro "emocional" que somos capazes de fazer a escolha moral mais humana - a menos utilitária e fria -, recusando-nos a entrar na pele de um homicida justiceiro?
Para Damásio, autor do célebre livro O Erro de Descartes, a razão humana precisa das emoções para funcionar: não há escolha racional acertada na vida real sem a participação das emoções, da intuição, das nossas vísceras. Quanto a Hauser, autor de um recente livro intitulado Moral Minds: How Nature Designed Our Universal Sense of Right and Wrong, tem estudado nos animais os comportamentos precursores dos comportamentos morais humanos.
Estes cientistas concluem hoje, num artigo publicado na revista "Nature", que as emoções desempenham efectivamente um papel essencial no nosso desempenho moral. Sem elas, o nosso juízo moral não funciona. "O nosso trabalho fornece a primeira demonstração causal do papel das emoções nos juízos morais", diz Hauser, citado por um comunicado conjunto da USC, da Harvard e do Caltech.
Os investigadores apresentaram uma série de 13 dilemas morais deste tipo a 30 pessoas de ambos os sexos. Desses voluntários, seis tinham lesões no córtex prefrontal ventromedial (VMPC), 12 tinham outras lesões cerebrais e 12 não tinham lesões. O VMPC, situado ao nível da testa, faz parte dos circuitos "emocionais" do cérebro.Embora o dilema referido mais acima não fizesse parte do conjunto sob essa forma, algumas das escolhas propostas eram talvez mais arrepiantes ainda. Por exemplo: "Soldados inimigos invadiram a sua aldeia. Você e outros refugiam-se num sótão [...] O seu bebé começa a chorar. [...] Você tapa-lhe a boca. [...] Para salvar a sua própria vida e a dos outros você precisa de matar o seu filho por asfixia. Você asfixiaria o seu bebé para salvar a sua própria vida e a dos outros?"
Também foi pedido aos participantes para responderem a outros tipos de dilemas - uma série de dilemas morais menos pessoais e uma série de dilemas sem componente moral. Mas foi apenas perante os dilemas morais em que a morte imediata de alguém serve para evitar a morte futura de muitos que as diferenças entre as pessoas com lesões no VMPC e as outras se tornaram gritantes, com uma proporção significativamente mais elevada de respostas afirmativas, neste grupo, à resolução dos dilemas pelas armas, por assim dizer."
O que é absolutamente espantoso", acrescenta Hauser, "é a selectividade deste défice. As lesões do lóbulo frontal deixam intactas toda uma série de capacidades na resolução de problemas morais, mas afectam os juízos nos quais uma acção que provoca aversão é colocada em conflito directo com um desfecho fortemente utilitário". Por seu lado, Ralph Adolphs, do Caltech, explica: "Devido às suas lesões cerebrais, [as pessoas com lesões no VMPC] apresentam emoções anormais na vida real. Falta-lhes empatia e compaixão."
12 comentários:
Meus amigos,
Aproveito esta notícia do Publico de hoje para deixar uma reflexão sobre o tema do aborto e da saga que tem sido a discussão entre mim e o Miguel com os tristes resultados que se vêem - uma discussão muito acalorada entre amigos que chega ao ponto da troca de insultos (leves) e de o miguel ter ficado chateado (acho que menos comigo, mas mais com a discussão em si)
Ao ler este artigo, não pude deixar de perceber uma coisa. Quando se discute temas muito polémicos que mexem em conceitos morais, estes cientistas (e deixo aqui uma nota de grande apreço por um destes investigadores ser portugues) descobriram uma relação entre a moral e as emoções.
O caso de matar o nosso filho para salvaguardar a aldeia. O caso do justiceiro homicida que o artigo refere.
Isto aplica-se, acho eu, como uma luva ao que se passa aqui.
A moral, o nosso bem e o mal internos, estão intrinsecamente ligadas às emoções humanas. Faz parte do processo decisório, dizem os cientistas.
Ora numa situação como a do aborto, ninguem duvida que estamos a falar de uma situação extrema que toca com os conceitos de "vida" e "moral". Logo, entram em jogo as emoções.
Olhando para os exemplos do texto, percebemos que as vezes somos confrontados com decisoes muito dificeis em que as nossas emoções e moral devem ser postas de lado e deve decidir-se só com base na razão.
O conceito de matar uma vida humana que está na cabeça do Miguel, gera inevitavelmetne um turbilhao de emoções na cabeça dele quando lhe é posta no boletim de voto a questão decisiva. É crime ou não? É uma vida, isto gera emoções. Que pesam muito mesmo quando se contrapõe com os benefícios que as outras pessoas reclamam e que o Parlamento Europeu defende. As pessoas que já conseguiram analisar a questão mais a frio e concluiram que não existe uma vida ainda e que as mulheres querem ter um direito de decisão sobre a sua prória vida.
Quando adeptos do "Sim" e "Não" se degladiaram nos debates na TV, inevitavelemente tudo degenerou numa discussão emocional, não esclarecedora, insultuosa, muito acesa, mas pouco racional.
O que à luz deste artigo, se explica muito bem.
No limite, eu afirmo aqui, que as pessoas sem córtex cerebral como as usadas nas experiencias são as mais acertadas para decidir este tipo de questões.
Um juiz, um policia, um legislador, apesar de terem cortexes cerebrais 100% funcionais, teem que ter a frieza de espirito, o sangue-frio suficiente para tomar decisões muito dificeis. E eu aplauda estas pessoas.
São as que decidem só friamente sobre o que é melhor para todos, para a sociedade, só ponderando factos. Estes deficientes sem emoções decidiriam matar o tipo com sida, abafar o bébé que está a chorar no sótão e aprovar sem hesitações o aborto até ás dez semanas.
A maior parte dos que votaram Sim, não o fizeram sem algumas emoções contraditorias.
Enfim, queria deixar só claro que se o Miguel ficou chateado por causa da discussao foi por causa
das suas emoções e por eu não ter mantido o debate num nivel mais frio e distanciado, porque estas coisas nao podem ser dicutidas com emoção.
Ele ainda agora diz que o Aborto "é um direito, o caralho!".
Concluo que por muito que me esforce, não vai ser possível, com certas pessoas mais emocionais, discutir o aborto friamente e acho que o Miguel, é uma delas.
Tambem acho que muita da culpa é minha por não ter jeito para discussões polémicas, por pensar muito friamente, mas me exprimir de forma demasiado emocional, que choca algumas pessoas.
É polemico dizer que ser "portugues" ou "nortenho" é apenas outra forma de dizer eu sou "preto" tu és "branco". Criar divisoes entre as pessoas. Ninguém ganha nada com isso.
A malta sem cortex cerebral eliminaria as fronteiras e regioes administrativas. Mas manter-se-iam as culturas e as linguas diferentes.
Explicar isto?
Muito difícil.
Isto tudo mexe com as emoçoes mais intimas das pessoas.
Por isso, enfim, acho melhor daqui para a frente não discutir mais temas polémicos, a menos que me seja pedida a minha opinião por alguem que esteja disposto a ouvir-me porque tenho a sensação que o que se pretende aqu é um blog mais calmo, com um estilo muito diferente do meu estilo de escrita.
Ah! E eu mantenho o meu cortex cerebral. Só que já descobri um botão para fazer On-Off quando é preciso separar àguas....
abraços!
APC
Caro Pedro,
Um tema muito interessante, este...
Por acaso ouvi hoje de manhã nos títulos dos jornais e fiquei intrigado.
Assim, facilitaste-me a pesquisa...
Relativamente ao botão on-off do teu cortex cerebral que finalmente descobriste deixa-me dizer-te uma coisa que ainda não sabes:
É que há uma razão muito simples para tu manteres as discussões num nível mais agradável quando estás num face a face do que neste blog...
É que a malta já descobriu esse botão há muito tempo... e quando estamos contigo e começas a resvalar mandamos-te um calduço... e ligamos/desligamos o botão sem que tu percebas...
Abraço,
AMR
AMR,
Ao vivo e a cores todas as pessoas desligam um pouco o botão, têem mais pudor em dizer certas coisas e não se discutem certos assuntos.
Eu nao sou excepção.
Ao vivo e a cores tenho duvidas que o Miguel dissesse na cara da Gabriela, ou da minha mulher, ou da tua Antonio, que se elas estivessem grávidas, se abortassem eram umas criminosas.
Apostava dinheiro contigo como ele não dizia isso.
Mas o que é facto é que ele pôs lá a cruz e não gosta muito de falar sobre isso friamente e reflectidamente comigo.
PC
Também fico bastante chateado com a questão do aborto.
Para já o direito ( ou não ) à vida é algo que desencadeia em todos nós emoções.
Está em causa o direito mais básico que é o direito à vida.
Em segundo lugar o ser envolvido é alguém completamente inocente .
É o bébé por nascer.
Não hà ser mais inocente.
É assim normal que alguém se emocione ao debater o tema.
É contra aquilo que de mais básico uma vida humana apagar outra vida humana.
Isso pode ser legal- mas não é moral.
Aliàs o facto de o aborto ser legal em vários países da europa não silenciou aqueles que se opõem à sua legalização.
Ainda meses atrás ocorreu manifestação em Paris contra o aborto
legal .
Muitos seres humanos sentem que abortar é matar o futuro , em sentido literal.
Olá, Pedro.
Gostei do teu post, muito interessante e educativo.
No entanto, fui suspeitando à medida que o ia lendo que estavas a preparar caminho para mais uma conclusão acerca do aborto.
Pedro, parece-me que já está mais que concluido este tema.
Gostava que continuasses a ser polémico e batalhador noutros temas.
Desde logo porque já não tenho paciência para a conversa de moralista fanático do solitárioh2005, que tu potencias a arrastar esta questão.
Pode ser?
Estou também a tentar desligar o meu córtex cerebral e quero aprender contigo.
Podes contribuir para uma evolução colectiva?
Gostava de te dizer que congratulo a forma como blogaste.
No entanto, não vale mesmo a pena entrares numa dinâmica de
"Por isso, enfim, acho melhor daqui para a frente não discutir mais temas polémicos, a menos que me seja pedida a minha opinião por alguem que esteja disposto a ouvir-me porque tenho a sensação que o que se pretende aqu é um blog mais calmo, com um estilo muito diferente do meu estilo de escrita."
O que é isto? "Self-pity"?
Deixa lá este número... Traz a bola e vem lá jogar com os outros meninos outra vez!
Por vezes os jogos são mais díficeis e não marcas tantos golos, mas vai ser sempre divertido, vais ver!
Não existe um estilo pré-definido ao Blogue. Nós fazemos o Blogue, ele tem o estilo de toda a gente que participa. Também tem o teu e obrigado por isso.
Só te peço para reflectires se o teu é o de alguns posts inflamados que fizeste ou então será qualquer coisa neste estilo, pertinente e equilibrado?
Tu conheces-te melhor que ninguém.
Não desistas ao primeiro tema.
Continua a alimentar o teu espírito e o nosso.
Isto por aqui não é tão mau!
Olá Rui,
Sorry,
Para mim acabou.
Em todos os temas polémicos que aqui foram postos, defendi sempre um principio básico das sociedades modernas e desenvolvidas, das quais Portugal já faz parte:
O respeito pelos outros desde que não ponha em causa os interesses comuns de todos ou a liberdade individual de outra pessoa.
Isto é que nos permite viver em sociedade em vez de vivermos como animais e em certa medida permitir-nos-à cada vez mais controlar o destino da nossa espécie e do próprio planeta e das outras formas de vida.
Infelizmente e apesar de todos os elogios que me fizeram aqui, ainda me falta atingir um nível de inteligencia superior, a capacidade de respeitar aqueles que não respeitam os outros, quando não está em causa o interesse comum, ou o direito de outra pessoa.
Quando ouvi defendidas coisas aqui como :
- o nacionalismo, o bairrismo é uma coisa boa.
- deve restingir-se os direitos de uma mulher em favor de um ser que ainda o não é, e criminalizar esta mulher.
- quem não tem filhos enquanto é novo, é egoísta.
Quando ouço estas coisas, aquela zona do meu cerebro que controla as emoçoes tambem dispara.
O vosso cerebro dispara quando se fala em "vida", "filhos", "norte", o meu cérebro dispara quando se fala em "respeito pelos outros".
Resumindo e conluindo, eu não sou a pessoa ideal para fazer florescer o debate sobre este tipo de temas neste blog, porque sou tão radical e emocional na defesa do "respeito pelos outros" quando as outras pessoas na defesa das suas próprias construcções morais.
Portanto, toma tu a iniciativa de lançar temas mais inócuos como astrologia, em que tens 0 comentarios, ou entao, se queres debater temas polemicos que estejam relacionados com liberdades individuais vs organização colectiva, terás que arranjar outro "campeao" para defender as liberdades individuais porque eu, como já pecebeste, sou radical nestas questões.
Não respeito as pessoas que não respeitam as liberdades das outras pessoas.
Tens por exemplo o Antonio, que afirma publicamente que "o meu direito acaba onde começa o direito dos outros" e respeita pessoas que acham que as mulheres que interrompem a sua gravidez são criminosas.
Apesar de essas pessoas estarem a entrar nos direitos dele ... (ou para o caso, nos direitos da sua mulher).
Boa sorte, para mim, acabou mesmo.
E saio com a certeza que tenho razao e que só há um caminho para a nossa especie:
O respeito pelos outros e a eliminação daqueles que atacam direitos dos outros.
Ainda que isto possa levar a situações aparentemente paradoxais:
O "valor da vida", como nos exemplos deste artigo do Publico, para mim, não é um valor absoluto.
Como tudo, é uma construcção moral que tem que ser pesada em cada situação há luz dos direitos individuais e bem colectivo.
- Um homicídio, é crime.
- Matar o gajo com sida para impedir que ele infecte alguem, nao é.
- Matar o bébé para salvar a aldeia, não é crime.
- Interromper uma gravidez com um feto já formado, é crime.
- Interrompê-la quando ainda não existe nenhum orgao nem sexo da criança, nem nada que se veja, não é.
- Interrompê-la quando o feto, estando 100% formado, foi gerado por violação ou sendo anormal, para mim é muito discutivel
- Desligar a maquina de um gajo que esta a viver em dores e só alimentado artificialmente, não devia ser crime
- Um tipo suicidar-se, não tem porquê ser um crime.
muitas vidas, muitos crimes, muitos não-crimes
Parvos como o solitario, que dizem que o direito à vida é o direito mais básico e que o aborto pode ser legal, mas não é "moral", ou pessoas inteligentes como o teu irmao que defende as mesmas ideias de um qualquer parvo, são pessoas que não conseguem atingir isto.
Eu não consigo ser calmo a discutir com eles.
Eles nao querem dialogar.
Querem impor a moral genérica da "vida".
Eu quero impor a insignificância dos valores morais face a questao suprema do respeito pelos outros e por todos.
Se tu quiseres mais participações minhas, é só para eternizar a discussão porque nao vamos sair daqui,
Este combate continuara, aqui e la fora.
Neste blog ate posso perder, mas la fora ganharei porque eu so estou a defender aquilo que,no fundo, é para onde caminhamos.
Não me perguntes porquê, porque nao sou cientista, mas cada vez menos seremos animais emotivos que usam a razão e cada vez mais pessoas que analisam fria e racionalmente direitos e obrigações para nos organizarmos colectivamente.
Nós temos inteligência, os animais, não.
APC
Olá, Pedrito
Espero ainda ir a tempo. Posso nem concordar contigo, posso não concordar contigo nunca, mas, à maneira de Descartes, defenderei com a própria vida o teu direito a uma opinião diferente da minha.
Quanto à cirança na aldeia, apesar de só ter visto na diagonal:
- Concordo em abstracto que matar o bébé é a solução que poupa mais vidas.
- Matar o bébé continua a ser crime (mesmo sendo a melhor solução);
- Poucas mães sacrificariam o filho a essa solução colectiva (mesmo sabendo que acabariam todos mortos). Eu, pelo menos, acho que não o faria.
No entanto, aceito a tua opinião, e sei que no futuro, a mãe que o fizesse teria salvo a aldeia e receberia louvores. Mas acho que não conseguiria viver com o que tinha feito para o conseguir.
Para tudo há a razão e o coração...
O equilíbrio é um fio de navalha...
bjs
TMS
Olá Pedro,
Não sei se a desistência anunciada determina o teu afastamento enquanto leitor do blog.
Gostaria que não, de modo a que entre outras coisas possas ler o seguinte:
1 - "Para mim acabou".
Lamento a tua decisão e confesso-me desiludido.
De qualquer modo, respeito-a pois se a premissa desde o primeiro momento foi a de cada um ser livre para intervir quando e como quiser, necessariamente também o será no abandono.
Foste pioneiro na desistência, mas não será um grande estigma, pois se és desistente é porque foste, num momento anterior, participativo.
Tenho pena que tenhas desistido ao(s) primeiro(s) tema(s). Mas ninguém é "obrigado a brincar com os outros meninos" quando não lhe apetece mais.
2 - "... defendi sempre um principio básico das sociedades modernas e desenvolvidas, das quais Portugal já faz parte:
O respeito pelos outros desde que não ponha em causa os interesses comuns de todos ou a liberdade individual de outra pessoa."
E ainda bem que o defendeste! Desejo que o continues a fazer sempre, pela tua vida fora.
Gostava de te dizer que penso de igual modo e adivinho que os nossos amigos também.
Ao longo das últimas semanas não me chegou aos ouvidos que algum dos nossos participantes tenha realizado algo que ponha em causa os interesses comuns de todos ou a liberdade individual de outra pessoa, pelo que estou convencido que te vais embora com respeito por toda a gente.
Caso esteja errado nesta assumpção é porque estarás errado nas tuas interpretações, pois ser opinativo só era crime no tempo do fascismo.
Se apresentar uma opinião contrária à tua (por muito errada que esteja, em tua opinião) é pôr "em causa os interesses comuns de todos ou a liberdade individual de outra pessoa" então serás tu que tens que amadurecer democraticamente e serás tu o intolerante que infelizmente não vive, como queria, num estado de desenvolvimento social superior.
3 - "Quando ouvi defendidas coisas aqui como :
- o nacionalismo, o bairrismo é uma coisa boa.
- deve restingir-se os direitos de uma mulher em favor de um ser que ainda o não é, e criminalizar esta mulher.
- quem não tem filhos enquanto é novo, é egoísta.
Quando ouço estas coisas, aquela zona do meu cerebro que controla as emoçoes tambem dispara."
Desde logo, ouvir coisas contrárias ao teu pensamento não deveria provocar "disparos" dentro do teu cérebro.
Lamento que isso te aconteça, pois infelizmente vão ser situações recorrentes ao longo da tua existência.
Depois, defender coisas perfeitamente normais como o bairrismo, como a nacionalidade e não nacionalismo (é importante seres correcto no que escreves, pois erros como estes conduzem a conotações erradas.
Só se a tua intenção seria essa! Sabes bem que não é a mesma coisa e o quanto a carga negativa é bem diferente.
Não faças de baralhado para não baralhares os menos atentos!), ou que a decisão por uma paternidade tardia encerra naturalmente o seu quê de egoísmo, não é de todo errado, não é assim tão descabido ou ofensivo, nem muito menos atenta contra a liberdade individual alheia!
4- "Portanto, toma tu a iniciativa de lançar temas mais inócuos como astrologia, em que tens 0 comentarios, ou entao, se queres debater temas polemicos que estejam relacionados com liberdades individuais vs organização colectiva, terás que arranjar outro "campeao" para defender as liberdades individuais porque eu, como já pecebeste, sou radical nestas questões."
Pedro, eu vou continuar a lançar temas, não porque tenha um compromisso em o fazer, mas porque gosto.
E asseguro-te que muitos deles não terão qualquer relevância para ti nem para niguém. Muitos não serão de todo polémicos e provavelmente todos terão de 0 a 10 comentários.
Não é isso que me faz desistir, nem é isso que me move a cada post.
Eu escrevo a minha opinião, o que me parece engraçado, pertinente, interessante, estimulante, estranho, desconcertante, admirável... enfim, escrevo e escreverei.
Mas fá-lo-ei com a mesma vontade e o mesmo objectivo de sempre, divertir-me com isso.
Não tenho expectativas para mais nem para menos do que isso.
Não me esforço, porque não é esse o desígnio, para que cada post seja discutido à exaustão, que sejam dissecados os segredos da humanidade ou que seja re-inventada a roda.
Se isso se proporcionar, ainda melhor, mas não fico triste, procupado ou deprimido, caso não aconteça.
Não vou arranjar "campeões" para te substituir.
Cada um de nós, especialmente num contexto tão particular e reduzido como este blogue é insubstituível, no sentido em que se perde uma das suas componentes indentificativas.
Eu repito-te, uma vez mais, que o Blogue não é meu, é nosso. Nós todos fazemos a sua especificidade.
No entanto, isto só será aplicável a quem de facto se identificar com a ideia.
5 - "E saio com a certeza que tenho razao e que só há um caminho para a nossa especie:
O respeito pelos outros e a eliminação daqueles que atacam direitos dos outros."
Pedro, a história, como sabes, é profícua em casos de radicais "bem intencionados" que gostavam de eliminar outros!
O extremismo de posições e as vontades de "eliminação de grupos" levaram às maiores catástrofes da humanidade.
É importnte primeiro entender se realmente são atacados os nossos direitos antes de pormos em prática planos de eliminação! Desde logo porque estás a eliminar direitos individuais, como a vida, de outras pessoas. Na prática, estás a tornar-te numa delas.
6 - "Neste blog ate posso perder, mas la fora ganharei porque eu so estou a defender aquilo que,no fundo, é para onde caminhamos."
Lamento que coloques as coisas sempre entre ganhar e perder.
Aqui não existem vencedores nem perdedores!
Existem somente pessoas a falar sobre as mais variadíssimas coisas.
Nada mais. Não existem jogos de vitória ou derrota.
Com toda a sinceridade e amizade, espero que ganhes tudo que tiveres a ganhar "lá fora".
Em minha opinião, todos nós perdemos com o teu afastamento.
Para finalizar, gostaria de expressar publicamente o meu agradecimento por teres aceite o desafio de participar no Blogue e por teres sido um dos seus principais intervenientes na sua, ainda curta, existência.
Quando e se mudares de opinião ficarei contente.
Entretanto, mesmo que o Blogue caminhe para se tornar inócuo e pouco estimulante, sugiro que possas ir cá "passando" de quando em vez, nem que seja para corroborar as tuas expectativas.
Um abraço, Pedro.
Vamos sempre falando, de uma forma ou outra.
Take care.
Olá a todos,
que privilégio é ter alguém a citar Descartes. Obrigado Teresa pela citação e já agora obrigado Descartes pela clareza de espirito, que penso eu ser completamente adequada ao seculo actual e vindouros e deveria ser partilhada por todos, infelizmente assim não é...
Sem grande sacrificio de vossa parte, para me aturarem uma vez mais, queria rapidamente tocar pontos importantes da intervenção do Pedro
1. É possivel, uma vez mais, perceber (e digo isto apenas em relação a mim) que ele está num patamar intelectual e socialmente mais evoluido, embora não o consiga demonstrar nas suas atitudes.
No entanto, é perceptivel que tenta a todo custo passar essa ideia... (que por si só é um principio errado para atingir esse mesmo fim), desta forma:
- reduz a forma de pensar dos outros a zero (como parvos ou parvos inteligentes);
- eleva a sua forma de ver o mundo, como se algum certificado houvesse para isso e ele o tivesse conseguido!
2. Especificamente em relação ao artigo, admito toda a explicação sociologica e cientifica subjacente. No entanto, penso que o desligar ou ligar o cortex cerebral não pode explicar certamente a quebra de regras de educação, vitais à convivência social, seja qual for a sua forma.
PS: Ao contrario do Pedro, tenho de agradecer ao Antonio pelo seu exemplo... "o meu direito acaba onde começa o direito dos outros". Apenas seguindo as tuas palavras é possivel a co-existência de todos, mesmo entre os inferior e os superiormente evoluidos.
Abraços a todos
Olá a todos:
Muito resumidamente e só para fazer a minha defesa:
1- Não volto a participar neste blogue sobre temas polémicos em que o que esteja a ser discutido tenha a ver com valores "morais", ou coisas em que as pessoas "simplesmente acreditam" nalgo.
Já expliquei, e está no artigo porquê. Estas crenças estão associadas às emoções das pessoas.
As emoções geram decisões erradas.
As pessoas não conseguem admitir isto.
2- Votar "Não" no referendo do aborto, foi:
"pôr em causa os interesses comuns de todos ou a liberdade individual de outra pessoa"
Foi detestável, nojento, uma falta de respeito total pelas outras pessoas votar "NÂO" e cercear a liberdade de concidadões.
Foi de uma arrogância intelectual suprema querem tirar um direito às outras pessoas.
Foi de uma superioridade e arrogancia extrema fazer isto porque se "acredita" que existe uma vida humana! Existe uma vida, mas ainda não é humana, como a ciencia ja demonstrou pormenorizadamente, em que semana se forma o quê.
Quem continuou a defender este voto aqui, continua a ser nojento, desrespeitador e violador dos direitos dos outros.
Isto é muito pior do que a má-educação de quem aqui defendeu o sim.
Fico muito triste por niguem ter vindo para aqui defender a interrupção da gravidez de forma mais educada do que eu fiz.
Fico chocado por nenhuma MULHER ter vindo para aqui atacar as ideias do Miguel.
3- Promover as regiões, as nacionalidades, os nacionalismos, são tudo uma e a mesma coisa:
Um erro.
A promoção da pequenez dos seres humanos e a sua incapacidade de se unirem e actuarem coordenadamente em prol de todos.
É manter separações artificiais dentro da mesma espécie baseado em linhas geograficas imaginarias.
Ninguem aqui demonstrou o interesse disto nem o que quer que pode advir de bem disto para os homens.
Aquilo que alguem ganhe com as "nacionalidades", de certeza que alguem perdeu. É um jogo de soma nula que não acrescenta valor nenhum.
4- Um dia neste planeta não haverá morais, mas sim direitos e obrigações.
5 Digo mais uma vez e assumo:
Não respeito a opinião de quem votou "não" no aborto, porque não tenho respeito por pessoas que querem retirar-me UM DIREITO com base em "construcções morais" da cabeça delas.
Não tenho problema nenhum em aceitar qualquer opinião de qualquer pessoa desde que não seja um atentado contra os meus direitos enquanto pessoa.
Miguel, por muito meu amigo que sejas, se atacas os meus direitos enquanto pessoa,da minha parte só vais ter insultos.
Nunca compreensão.
Não esperes compreensao para uma coisa em que VOTASTE paea limitar os MEUS direitos, numa situação em que não te afecta devido aos teus padrões morais serem diferentes dos meus.
Se eu te fizesse o mesmo, não esperaria outra coisa.
Pedro
Ola a todos,
Defesa? Mas qual defesa Pedro?
Alguém te atacou? Eu apenas me limitei a fazer constatações factuais, sem margem de contestação pois não têm qualquer caracter subjectivo.
Estou seguro que friamente reconhecerás que assim foi.
Uma vez mais, o que me parece lamentavel é a tua necessidade de que tu ou alguém (MULHER) ataquem as minhas opiniões, assim como, mais uma vez, é lamentavel que me qualifiques como "nojento, desrespeitador e violador dos direitos dos outros."
Pedro, lamento estragar a tua auto comiseração, mas eu não ataco, nem ataquei em forma alguma os teus direitos, faço apenas valer os meus, como cidadão com direito a voto e com direito a opinião. Algo aparentemente muito complexo para tu entenderes... Peço-te para releres a TMS quando cita Descartes...
Neste momento, é óbvio que não espero qualquer compreensão da tua parte para as minhas opiniões, já o demonstraste essa tua lacuna intelectual cabalmente.
No entanto, e desiludo-te uma vez mais, podes certamente esperar comportamento contrario de minha parte, que, ao longo deste tempo todo, te mostrei impensavel compreensão, independentemente da tua opinião, falta de rasoabilidade e má educação.
Mas é como tu dizes, há tipos mais evoluidos que outros...
Um abraço
PS: Por favor, e adaptando o 3º mandamento (agora sim a componente religiosa), não uses a minha amizade em vão...
Miguel,
Votaste para limitar os meus direitos, quando tu ja tinhas opção da não interromper gravidez na tua família, se isso te acontecesse a ti.
É nojento, desrespeitador, e intolerante teres a presunção de queres impor os teus valores morais a mim tambem e aos outros.
Foi nojento ainda o facto de teres defendido aqui a tua opção neste blog.
Ainda mais nojento acusares-me de superioridade intelectual e arrogancia agora, depois de teres feito o que fizeste no dia do aborto.
É inqualificável achares que tinhas o direito a limitar o meu direito naquele dia, e te teres recusado a discutir isso neste blog dizendo que isso "era uma questão menor".
Quiseste impedir-me de ter o direito a interromper uma gravidez, se ela ocorrer no futuro na minha familia, porque achas que tens valores morais superiores.
Foste arrogante e inqualificavelmente desrespeitador domeu direito de pensar e decidir pela minha cabeça se isso me acontecesse no futuro na minha familia.
Isso desiludiu-me, condeno, acuso-te disso, e tu não podes negar que o fizeste.
Não fizeste valer direito nenhum teu. Para ti, qualquer voto, SIM ou NAO, teria efeitos identicos na tua familia.
Tentaste contribuir para impor a todos um presunção moral tua sobre o estatuto que deve ter uma vida futura, limitando o direito a essa pessoas interromperem a sua gravidez, conforme se pode fazer noutros países mais tolerantes.
No fundo, começaste o blog a prometer.me 200 posts e saiste a fazer ataques pessoais, a dizer que não tinhas que explicar nada, que não és obrigado a discutir a questão que eu quero discutir, que tinhas simplesmente direito a tirar-me um direito pelo voto e que não tens que te explicar.
Atacaste os meus direitos.
Já no outro referendo tinhas atacado.
Eu conheço pessoas amigas que tiveram que ir Espanha por causa dos teus preconceitos morais e da forma como os expressas em votos agora e no passado.
Revolta-me saber que tu te achas mais iluminado e moralmente correcto que estas pessoas que eu conheço.
Assinaste com o teu nome que estas pessoas são criminosas.
É revoltante, repito.
Se não queres ouvir mais as verdades, para de postar sobre o aborto, conforme já dissteste que ias fazer.
Outro abraço,
APC
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