segunda-feira, 19 de março de 2007

Dia do Pai

Hoje como devem saber é o Dia do Pai, meus amigos.

Mais uma daquelas datas "formatadas", destinadas ao consumismo, mas que ainda assim não deve passar despercebida.

A minha proposta de reflexão (na qual me incluo) é a seguinte:
Constam, até agora, deste Blogue 17 elementos, 12 dos quais caracterizados por apresentarem um orgão sexual externo.
Assumindo que a média de idades dos participantes rondará os 30 anos, qual a vossa explicação para que apenas o Vitó e o Filipe - 16,6(6)% do universo masculino - comemorem este dia na condição de progenitores?
Será um "sinal dos tempos"?
Será o reflexo de um menor interesse na perpetuação da espécie?
Será um receio excessivo na assumpção de responsabilidades?
Será influência da insegurança financeira e laboral que caracteriza a nossa sociedade?
Será uma questão de prioridades? Estarão a nossas prioridades racionalmente escaladas? Ou estarão demasiadamente racionalizadas?
Será uma característica de determinados grupos ou será uma questão generalizada à globalidade da população?
Será que a mítica barreira dos 30 anos já não é o que crescemos a pensar que seria?
Será assim tão díficil compatibilizar a solidificação (ou mesmo a evolução) de um percurso profissional com a "carreira" de pai (e já agora de mãe)?
Será este contexto uma escolha ou uma imposição?
Será que depois de tanto debate à volta do aborto, esta questão não se apresenta igualmente pertinente à discussão?

Digam lá de vossa justiça...

E não deixem passar em claro o Dia do Pai, mesmo que não concordem com esta coisa das datas marcadas!

Nota:
Já agora deixo-vos um apontamento.
O Blogue entrou na sua 7ª semana de vida. Podia fazer uma piada relacionada com o aborto... mas resisti, era muito fácil!!
;)

Take care.

25 comentários:

Mediha Gündoğan disse...

Essa é fácil ...

É um sinal de desenvolvimento da sociedade. Basta cada casal de duas pessoas ter dois filhos em comum na sua vida para se perpetuar a espécie humana.

Mais do que isso, é AUMENTAR DESMESURADAMENTE a população humana,o que, a seu tempo, levará ao colapso total do meio ambiente e da propria espécie humana.

Como se vive até aos 75, mais ou menos, nao há problema nenhum em ter os dois filhos mais tarde.

Dá-se tempo para cada um saborear a sua vida quando se é novo, e dar uma vida melhor aos filhos também, porque é mais fácil dar-lhes tudo o que eles vão precisar e fazê-los felizes.

Toda a gente ganha.

Os pais, os filhos, o planeta.

APC

RMB disse...

Não discordo com o que dizes.
Mas não será igualmente um erro caminhares para uma situação de seres "avô" dos teus filhos.
Será que com uma idade mais avançada não vais ter menos paciência e menor disponibilidade física e mental para as brincadeiras dos teus filhos?
Não será potenciado o "genaration-gap" com o afastamento de idades?
Será que os teus filhos precisarão mesmo de tudo o que tu achas que eles precisarão?
Não te ocorre que se os teus filhos seguirem a mesma folisofia não estarás cá para realmente conheceres bem os teus netos?
Além disso existirá sempre um limite para a fecundidade nas mulheres.
Não é uma questão assim tão fácil, Pedro.

Mediha Gündoğan disse...

Ola Rui,

Quem quiser ser avô pode tentar "incentivar" positivamente os filhos, nomeadamente economicamente, mas tem que perceber que a decisão final é sempre dos filhos sobre quererem ou não tê-los na altura que acham certo. Os netos não são brinquedos.

O que interessa é cada um ser feliz, para poder fazer os filhos felizes tb, na altura certa.

O ideal é uma criança ter um pai e um avô, com paciencia, (alguma) disponibilidade física (eles brincam e saltam é com os amigos, não é com os pais/avôs, Rui) e sobretudo mental, precisam tambem de condições economicas porque eles não se sustentam por si mesmo, precisam que os pais sejam felizes e tenham tempo para o seu próprio casamento, férias, hobbies, (pais infelizes sempre a trabalhar e a discutir por causa das contas dos putos, e só a viver para as crianças não são bons pais e fazem as crianças infelizes, muitas vezes acabam é por se divorciar e o puto ainda fica mais abandonado).

Tudo isto que eu disse pode ser atigido perfeitamente com pais de 18 anos e avos de 36, ou pode ser atingido com pais de 30 e avos de 70. Depende do grau de orientação de toda a família para os miúdos (maior ou menor).

Não vejo em que é que o facto do "Gap" ser maior em anos, afecta por si só o facto de as crianças poderem ser mais ou menos felizes.

APC

Anónimo disse...

Devo dizer que o Rui tem um pouco de razao. Quanto maior a idade maior sera a generation Gap ou nao Pedro. Nisto acho que nao podes discordar. Concordo que se deva dar tudo o que podemos aos nossos filhos mas tambem sou adepto das regras e quanto mais dinheiro tiveres menos regras impoes aos teus filhos, pelo menos a minha experiencia diz-me isso. Eu acho sinceramente que e uma questao de querer ou nao ter um filho com mais ou menos possibilidades. Sabes o que acontece a miudos que tem tudo, nao lutam por nada porque sabem que os pais vao oferecer mal eles pecam.
So te queria dizer uma coisa Rui, a tua opiniao e bastante valida, mas porque tens 31 anos e ainda nao te casaste?
PBE

Mediha Gündoğan disse...

PBE,

Pelo facto das pessoas terem dinheiro, não têem que ser incapazes de saber educar crianças como deve ser.

Acho que com mais dinheiro ha mais hipoteses de se poder dar uma experiencia de vida melhor a toda a familia (Pai+Filho+Avo)

Acho que a idade (em numero) simplesmente não quer dizer nada.

Não acredito que ninguem possa afirmar com factos palpaveis e concretos, que as crianças/pais/avôs de crianças com idades 5-25-40 sejam mais felizes que as de 5-35-65

Essa relaçao, para mim, não está provada.

Julgo que tentei explicar porque é que as pessoas tem filhos mais tarde:

Vivem mais, tem mais tempo para serem felizes primeiro e mais tarde na vida tem mais condiçoes para fazer os filhos felizes tambem. Toda a gente ganha.

Penso que ao se tomar estas decisões, já se está a ponderar factores que não são tão importantes, como "ter um avô jovem e disponivel fisicamente" ou " o avo poder entreter-se com meninos".

São "nice to have's", mas que nao sao tao importantes como os factores criticos que falei antes, e por isso as pessoas descartam-nas e agem em consciencia.

Acho que isto pode responder a tua pergunta ao Rui, mas nao sei, ele pode ter outras razoes,alias pode nem querer discutilas ctg.

E para mim, isto até á bom para a especie como um todo, mais que dois filhos por pessoa é aumento da população e já há pessoas que cheguem no mundo.

RMB disse...

Esperanza, a questão que coloquei a discussão foi igualmente para mim.
E não estive, nem estou a defender uma posição absoluta. Estou a fazer perguntas, a levantar dúvidas, a mim mesmo inclusivé.
Além disso, o normal é que possas gerar filhos dentro de um casamento, mas não é uma condição. Isso de facto levar-nos-ia a uma nova discussão.
A tua pergunta, no contexto deste post, deveria ser mais, pq tens 31 anos e não tens filhos?
Não sei se existe apenas uma razão para isso. Ou se existirá uma razão suficientemente forte. Daí ter fomentado um reflexão conjunta.
Tu és um tipo cheio de certezas nesta questão, PBE?

O APC de facto tem razão em alguns pontos genéricos que podem explicar a paternidade cada vez mais tardia.
Mas a minha principal dúvida, que necessariamente passará sempre por um julgamento individual, é se todas essas explicações racionais podem deixar de fazer sentido no dia em que finalmente fores pai.
Defendes, e bem, a felicidade.Mas será que não estás a adiar uma forma importante de felicidade. Será que a felicidade não passa necessariamente por aí?
Tenho já alguns amigos próximos que são pais. Farão necessariamente muitos mais sacríficios no seu quotidiano e terão um maior número de preocupações, mas pelo que todos, sem excepção, me transmitem, caso fosse possível, não teriam dúvidas em ter antecipado o momento da paternidade.
Será que não sentiremos o mesmo?

Anónimo disse...

Caros Amigos,
Rui se estavas a lancar perguntas para o ar para gerar uma saudavel troca de ideias entao peco desculpa, pensei que estavas a dar a tua opiniao e se assim fosse nao estaria muito de acordo com aquilo que eu conheco de ti.
Eu tenho de ser frontal nao compreendo como e que ha pessoas que nao se juntam porque dizem que nao tem dinheiro para isso... Eu acho que estamos a ficar tao comodistas que o melhor e ficar em casa dos papas...
Tenho de partilhar esta opiniao mas acho que as pessoas se casavam mais cedo do que agora por causa de duas coisas: Sexo e liberdade. Basta pensarmos no tempo dos nossos avos e dos nossos pais, quando e que um menina se tornava mulher? na noite de nupcias. A menina e o menino so podia ter alguma liberdade quando se casavam por isso era um passo perfeitamente natural. Hoje a menina ja vai a discoteca com as amigas, vai com o namorado de ferias, qual a pressa de se casarem? Nenhuma, a nao ser que queiram ter um filho e ai ja nao faz sentido ficarem em casas diferentes.
Uma pergunta para finalizar: pensem nos filhos dos vossos amigos e pensem se nao estao a ser tratados com demasiados cuidados? Cada vez vejo mais exageros da parte dos pais, os meninos crescem numa bolha protectora que mais ou mais cedo rebenta e eles nao tem defesas.

PBE

Anónimo disse...

Boas,
Nao diria que e um sinal de desenvolvimento da sociedade por si, alias comprovado pela inversao desta tendencia nos paises escandinavos (qual macho latino...). Estamos e perante uma alteracao de valores. O mundo deixa de ter limites e temos acesso a mais informacao, logo queremos mais e mais tempo para usufruir disso mesmo. Infelizmente tudo isto vem adiar outras prioridades, nomeadamente a familia.

Estamos tambem perante uma alteracao de prioridades passando a generalidade das pessoas a ser mais racionais nas suas opcoes. Racionais no contexto de querer garantir estabilidade futura antes de tomar qualquer decisao. Isto, acredito, e uma das caracteristicas da nossa geracao de barriga cheia... ja que, ao contrario dos nossos pais ou avos, nao vivemos qq guerra ou crise que nos levasse a questionar o dia de amanha. Pelo menos e a minha forma de pensar.

No meio disto tudo, nao vejo que o facto de ser pai aos 30 e tais seja gerador de um gap com o filho. O amor ou o orgulho que se sente dum filho nao esmorece com a idade.

PSM/

RMB disse...

Somos é uma cambada de comodistas escondidos atrás da racionalidade!!!

MGV disse...

Não somos comodistas mas egocentricos.

A vida centrada em nós.

"eu sou assim"... "sou assim à 30 anos"..."se gosta de mim tem que gostar de mim como eu sou"... quem nunca ouviu, pensou ou disse tais coisas?

Não é o oposto de amar?

Para sermos pais temos que estar preparados para amar. Amar incondicionalmente.

Será que estamos preparados?

Será que já demos provas de sermos capazes de amar assim?

... então é melhor adiar até aos 40...

RMB disse...

Inicialmente escrevi egocêntricos, depois achei que seria forte demais.
Mas é isso mesmo, tens toda a razão!
Somos egocêntricos e não estamos preparados para abdicar de NÓS!
A nossa preocupação não é com o futuro dos nossos filhos ou com a boa vida que lhe queremos proporcionar.
No fundo, a preocupação real é connosco e com a vida que vamos poder ter após sermos pais.
Não queremos ficar limitados e provavelemente por isso não vemos, ou não queremos ver as eventuais maravilhas da paternidade!

MPB disse...

De uma forma genérica concordo com tudo que tem sido exposto. A minha opinião vai muito de encontro ao que foi já detalhado. Este facto resulta de varios e não de apenas um contexto de razões.
Tem haver com o facto de até mais tarde querermos valorizar-nos, quer academicamente, quer pessoalmente (ter varias experiencias semtimentais, conhecer diferentes realidades culturais, geograficas, outras), quer financeiramente. Uma postura, e tal como já foi dito, bem diferente das gerações que nos antecederam. Ou pelo menos de grande parte das pessoas que as compunham.
Ter filhos é abdicar necessariamente de tempo para nós, recursos nossos, é sermos necessariamente mais altruistas. Estou, no entanto, convencido que se as gerações que nos antecederam estivessem no actual contexto também o fariam, não o fizeram porque constituir familia, casar, trazia-lhes vantagens tal como disse o Esperança, foi por atitudes egoistas que tomaram decisões que hoje em dia são vistas como altruistas...

Estou certo, e isso apenas o Vitor e o Filipe poderão testemunhar, que a contrapartida de termos um filho supera largamente esse debito de tempo e recursos. No entanto, e porque é sempre mais facil estar do "lado visivel da lua" optamos por não dar esse passo, tentando adiar o maximo que conseguimos a nossa independencia...

É isto o que sinto relativamente ao meu percurso, embora em certas alturas tenha sido condicionado por outros motivos, penso que este foi o maior de todos.

Reconheço, ainda, que ter responsabilidades a diferentes niveis (inicialmente protecção, depois educação e acompanhamento) sobre um outro ser é uma tarefa que a mim também me assusta. No entanto, admito que seja reconfortante acompanhar todo o processo, penso que é uma das maiores tarefas, senão a maior, que todos desempenham na sua vida e na sociedade.

Abraço

solitarioh2005 disse...

Parabens pelo post.
De facto a sociedade está em crise.
Em portugal cada casal só tem 1,45 filhos.
Para perpeturar a espécie cada casal tem de ter três filhos.
Porquê?
Como morrem algumas crianças para manter o nivel da população cada casal tem de ter 2,1 filhos.

(Já são mais de dois).
E depois hà gente estéril que nunca tem filhos.
Assim sendo quem pode ter tem de ter filhos por esses casais estereis para que a população se mantenha constante.

Concluindo : Hà uma crise .
A população envelhece.

Porque é que isso acontece ? Criar um filho dá muito trabalho e tem custos enormes.

Nos casais em que ambos trabalham isso não é fácil.

A Sociedade é que tem de arranjar mecanismos para proteger a maternidade por, exemplo , dando um subsidio por filho e protegendo a mãe trabalhadora dando-lhe condições para criar os filhos.

Se isso não acontecer como grupo humano extinguimo-nos.

Ficamos abortados.

Mediha Gündoğan disse...

Desculpem lá todos, especialmente o solitário 2005, que nos brinda com mais uma intervenção irracional ao comparar QUANTIDADE de pessoas humanas com QUALIDADE de pessoas humanas.

Toda a gente sabe que qualidade não é quantidade.

Eu não quero uma sociedade cheia de pessoas que vivem mal.

Prefiro uma sociedade com as pessoas necessárias, que vivem bem.

Nao me importa que o nº de pessoas diminua. Os que ficam vivem melhor.

Eu quero DESENVOLVIMENTO para a nossa espécie.

Vocês ainda não percebi bem o que querem.

Provavelmente, ficar sempre na mesma, serem iguais aos vossos antepassados, viver menos, trabalhar sempre com sacrificios, nao sabendo o dia de amanha (como por comida na boca da criança), tirar felicidade da vossa vida a partir da "familia"!, unico objectivo. Ainda devem querer a mulher na cozinha, conforme a familia tradicional.

Ó velhos do restelo, ainda há muito caminho para percorrer, descansem!!!

Quantas mulheres são CEO's empresas ou preseidentes de países?

Porque não?

Por causa da "família".... não é?

Se calhar acham egoista toda a gente querer ir para universidade. As mulheres nao quererem ser mães tão cedo, ou por acidente (SIM A INTERRUPCAO DA GRAVIDEZ, RAIOS!!!). Acham egoista as pessoas terem tempo para si mesmo, para se desenvolverer culturalmente, profissionalmente, a todos os niveis e para niveis nuca antes vistos.

Para mim, amar, não é abdicar da nossa vida e tudo o que elas nos pode dar para nos dedicarmos a outras pessoas.

Para mim amar, é dar-lhes condições (aos filhos) para eles poderem seguir os seus caminhos, terem muitas opções, terem suporte, terem educação, terem bens materiais e aconselhamento, terem condições para viajarem, conhecerem o mundo e a ciencia, etc..etc.... etc...

Se isso não implicar no futuro um modelo de família tradicional, não vejo problema.

É importante é sermos felizes.

E DESENVOLVIDOS

Mediha Gündoğan disse...

Mas qual crise da sociedade???

Os idiotas que defendem a crise da sociedade e dos seus valores deviam era ser todos teleportados para o seculo passado para verem o que era bom para a tosse !!!

como diz o Morais, para o tempo em que.

"ao contrario dos nossos pais ou avos, nao vivemos qq guerra ou crise que nos levasse a questionar o dia de amanha"....

Vamos lá a ser mais optimistas ... a sociedade nao está em crise. Está a mudar como sempre, e para melhor, como sempre.

O resto são velhos do restelo, que tambem sempre os houve.

Se não acreditam em mim, leiam os livros de historia.

RMB disse...

1º ponto
Não gosto que me interpretem mal e sobretudo não gosto que usem alguma coisa que escrevi com um determinado sentido e a desvirtuem para poder encaixar nas ideias que querem defender.
Como é óbvio, estou a referir-me ao nosso amigo solitário.
O meu texto não foi postado para servir de apologia ao teu extremismo. Se fores suficientemente inteligente para perceber meia dúzia de frases em português, só com leviandade se pode explicar o teu comentário. Mais uma vez, fica o aviso! Para este tipo de confrontação não és bem-vindo.
Não tenho paciência para reaccionários!


2º ponto
Foda-se, ó Pedro!
Engoliste alguma cassete?
Todo e qualquer assunto vens sempre com o número de que és mais desenvolvido e mais preocupado socialmente que o resto da maralha!
Confesso-te que até gosto do que escreves, embora fiques apenas pela teoria.
É fácil de constatar a tua atitude de alerta social e preocupação com o futuro do planeta e da sociedade.
Mas o que é que tens feito em termos práticos para "salvares o mundo", de forma a sustentares adequadamente a superioridade moral e mental, que continuamente apresentas?
Muito do que dizes é importante, faz sentido e no meu entender deveriam ser preocupações generalizadas. Mas acabas por ser um reprodutor de lugares comuns, meu amigo!
Eu tenho opiniões similares às tuas em muitos dos aspectos ou das questões aqui debatidas, mas por vezes não faz qualquer sentido encaixar esse discurso formatado em tudo o que mexe!
As tuas conclusões são absolutamente precipitadas e descabidas. É estranho, porque, à partida. consideraria que não o serão por falta de inteligência ou lucidez.
A forma perfeitamente lamentável como rotulas as pessoas, como metes tudo no mesmo saco e como puxas de uma arrogância, que me parece, estranhamente, crónica é impressionante!
Por vezes é importante reflectir no que se pretende dizer, Pedro.
Será que lês o que escreves previamente à publicação do teu comentário?

Já agora, onde é que se consegue esse estatuto de ser evoluído que paira acima do comum dos mortais?
És tão alucinado e leviano como o nosso "amigo" solitário quando teces considerações acerca dos teus interlocutores baseadas em "se calhar...", "provavelemente..." ou "ainda devem...".
Por favor, já te conheci mais metódico e intelectualmente honesto!

Mediha Gündoğan disse...

Desculpa Rui,

mas para te responder, preciso de saber exactamente com o que é que eu disse que não concordas.

Estás a criticar só o meu tom arrogante ou alguma das coisas que eu disse?

Se são tao lugares-comuns, se calar é porque são verdade.

Onde é que estão as precipitações?

RMB disse...

Meu amigo, não me importo de fazer esse jogo, só para efeitos da discussão.

1 - Desde logo, compreendo que tenhas feito o teu comentário na ressaca do nosso amigo solitário, o que provavelmente terá contribuído para a tua inflamação.
Esse foi o teu primeiro erro. Foste para onde o solitário te quis levar.
A minha posição, inicialmente interrogativa e posteriormente auto-crítica, não está em consonância com o que foi postado pelo solitário. Mas isso não foi o suficiente para evitares uma rsposta colectiva.

2 - APC:
"Estás a criticar só o meu tom arrogante ou alguma das coisas que eu disse?
Onde é que estão as precipitações?"

Critiquei obviamente as duas coisas. Se percebeste a primeira eu explico-te seguidamente as precipitações.

É precipitado e incorrecto concluir que:
"(vocês querem)... Provavelmente, ficar sempre na mesma, serem iguais aos vossos antepassados, viver menos, trabalhar sempre com sacrificios, nao sabendo o dia de amanha... tirar felicidade da vossa vida a partir da "familia"!, unico objectivo."

Não me lembro, de todo, de ter abordado viver menos, com dificuldade e sem felicidade. Agora, se para ti ter filhos por volta dos 30 significa tudo isto, essa é uma conclusão tua e não minha.

As dúvidas que inicialmente coloquei e a opinião que posteriormente emiti, de algum modo em concordância com a Gabriela, que agora reproduzo,

"somos egocêntricos e não estamos preparados para abdicar de NÓS!
A nossa preocupação não é com o futuro dos nossos filhos ou com a boa vida que lhe queremos proporcionar.
No fundo, a preocupação real é connosco e com a vida que vamos poder ter após sermos pais.
Não queremos ficar limitados e provavelemente por isso não vemos, ou não queremos ver as eventuais maravilhas da paternidade!"

não permite concluir o que tu disseste, muito menos:

"Ainda devem querer a mulher na cozinha, conforme a familia tradicional."

ou

"Se calhar acham egoista toda a gente querer ir para universidade.

nem possibilita que nos classifiques como
"Ó velhos do restelo, ainda há muito caminho para percorrer".

3- No limite, do que tu disseste, o que poderá estar de alguma forma relacionado com a minha opinião e em certa medida servir-lhe de contraponto é:

"Acham egoista as pessoas terem tempo para si mesmo, para se desenvolverer culturalmente, profissionalmente, a todos os niveis e para niveis nuca antes vistos.
...Para mim, amar, não é abdicar da nossa vida e tudo o que elas nos pode dar para nos dedicarmos a outras pessoas.
Para mim amar, é dar-lhes condições (aos filhos) para eles poderem seguir os seus caminhos, terem muitas opções, terem suporte, terem educação, terem bens materiais e aconselhamento, terem condições para viajarem, conhecerem o mundo e a ciencia, etc..etc.... etc..."

E isso sim, já é descutível. Porque a questão que coloquei foi mesmo acerca da concretização prática destes argumentos ou se parte deles será assim tão determinante para continuamente nos escudarmos (nota que estou a falar comigo incluído) atrás deles.

O facto de teres filhos com vinte e muitos ou perto dos 30 impossibilitará mesmo que não "tenhas tempo para te desenvolveres culturalmente e profissionalmente"?
Impedirá que a humanidade se "desenvolva para niveis nunca antes vistos"?
Ou será mais razoável dizer que impossibilita "tempo para si (ti) mesmo"? Não será mais por aí? Não quereres abdicar do TEU tempo? É uma questão que ponho também a mim mesmo.

Dizes igualmente que "Para mim, amar, não é abdicar da nossa vida e tudo o que elas nos pode dar para nos dedicarmos a outras pessoas."
A definição de amar é uma coisa muito subjectiva.
Não quero, nem devo dizer como deves sentir essa condição.
Mas compreenderás que o amor, para um número significativo de pessoas passa sempre por abdicar de algo, muito mais ainda na condição de pai, Pedro.
E não importa se tens muito ou pouco para oferecer aos teus filhos, vais sempre abdicar de algo.

Por fim, concordo contigo quando dizes que "Para mim amar, é (também! -> acrecentado por mim) dar-lhes condições para eles poderem seguir os seus caminhos, terem muitas opções, terem suporte, terem educação, terem bens materiais e aconselhamento, terem condições para viajarem, conhecerem o mundo e a ciencia, etc..etc.... etc..."

Mas também te (e me) interrogo se não terás tu essas possibilidades todas ao teu alcance mesmo que tenhas filhos antes dos 35 ou 40 anos?
Sabes que os teus filhos quando nascem não precisam imediatamente de todos os bens materiais e as restantes oportunidades estarão sempre condicionadas pelo seu carácter e pela sua formação pessoal. E isso tu podes providenciar sem seres o tipo mais rico do mundo.

Para concluir, pergunto-te ainda em que medida o facto de eventualmente seres pai mais cedo interfere com o desejo que expressaste:
"Eu quero DESENVOLVIMENTO para a nossa espécie".

Esta é a parte da cassete...
Pé, pé, pé, o desenvolvimento!

Mediha Gündoğan disse...

Bom dia Rui,

Finalmente uma intervenção meritória! Finalmente um ataque às coisas que o Pedro diz e não ao estilo arrogante do Pedro as dizer!

Finalmente uma intervenção que me obriga a corrigir algumas das coisas que eu disse e a reconhecer alguns erros no meu discurso!

Portanto, paremos com os ataques aos "estilos" das pessoas, e discutamos argumentos.

Concordo que a "colectivização" das minhas acusações foi errada porque não especifiquei quem é que estava a acusar do quê. Assumo esse erro!

Ainda assim, podias ter perguntado quais as acusações te eram dirigidas a ti ou à Gabriela especificamente, mas não o fizeste, optaste por assumir que era-te tudo dirigido. Em todo o caso, o erro foi meu, assumo e peço desculpas. Espero sinceramente que sejam aceites. Como vês, não tenho a mania que tenho sempre razão.

Aproveito então para clarificar quem é que acuso de quê:

O solitario acuso-o de tudo e mais alguma coisa:

1. de ser um velho do restelo,

2. pergunto-lhe, se calhar, e visto que defende que a sociedade está em crise, se acha a sociedade que estava em crise não seria a sociedade em que as mulheres mulheres estavam na cozinha ou a tratar de filhos, na sociedade em que por não haver contracepção ou possibilidade de interromper a gravidez, a sociedade estava cheia de mães e familias em dificuldades e a viver uma vida sub-humana, por terem qualificações a menos, estudos a menos e filhos a mais. Inclusivamente algumas destas mães adolescentes.

Basta ir às aldeias para ver algumas destas aves raras. Pergunto-lhe se esta não é a sociedade que está em crise.

A familia tradicional com mulheres estúpidas, grávidas aos 18 anos aos 20 e depois aos 24 e sem trabalhar e os homens a trabalhar para sustentar isto tudo.

A ti e a Gabriela acuso de serem velhos do restelo ao dizerem que:

"Somos é uma cambada de comodistas escondidos atrás da racionalidade!!! "

"somos egocêntricos e não estamos preparados para abdicar de NÓS!
A nossa preocupação não é com o futuro dos nossos filhos ou com a boa vida que lhe queremos proporcionar.
No fundo, a preocupação real é connosco e com a vida que vamos poder ter após sermos pais.
Não queremos ficar limitados e provavelemente por isso não vemos, ou não queremos ver as eventuais maravilhas da paternidade!"

Vocês acham que essas pessoas estão a ser egoístas, individualistas.

O Miguel, segundo percebi, acha que as pessoas têem medo e só se apercebem das maravilhas da paternidade mais tarde.

Eu acho que as pessoas estão a ser responsáveis e adultas ao decidirem que não estão preparadas para ser pais, e sim Rui, por muito que isso te custe perceber muitas pessoas antes dos 35 anos sentem que não têem condições para ser pais ou têem medo e não querem correr os riscos.

Acusares estas pessoas de egoísmo e comodismo é que me parece de uma "superioridade intelectual" e "arrogência" que curiosamente é aquilo que vocês me passam a vida a acusar.

Afinal, quem é o arrogante na questão das causas da paternidade tardia. Não sou eu nem o Miguel, parece-me mais que és tu e a Gabriela.

Em relação ao arrogante na questão da sociedade em crise, confesso que fui eu, excessivamente arrogante, insuportavel e com um discurso pacotizado e etc... etc..

Só que tenho razão nesse ponto.

Sociedade em crise, era a das mulheres na cozinha, 5 filhos, ninguem na escola e outras atrocidades do tempo dos TEUS pais. Sim. Não foi há muito tempo.

Portanto, para combater ideias como as do Solitario, serei sempre arrogante e inflamado e insuportavel, porque o gajo é basicamente um parvo.

Mas nisso nos concordamos, so temos é estilos diferentes.

APC


APC

António Rodrigues disse...

Caríssimos,

Correndo o risco de repetir argumentos já aqui explanados, aqui vai a minha opinião:

1) Acho que o factor idade "per se" não é relevante para a paternidade;

2) Penso que muitas vezes se adia o momento de ser pai muito mais por estarmos a pensar em nós próprios do que nos nossos descendentes;

3) Julgo que esse conceito que é a "Sociedade" (e que não é mais do que aquilo que nós todos fazemos enquanto interagimos e, portanto, é algo que apenas reflecte aquilo que nós somos) nos leva a estar demasiadamente "orientados" para os bens materiais e, consequentemente, a acharmos que os nossos filhos terão que ter ao seu dispor mais bens materiais do que aqueles que realmente necessitam;

4) O que referi em 2) e 3) leva a que muitas pessoas tenham uma relação distante com os filhos e tentem "compensá-los" com bens materiais. Uma vez li uma frase com a qual concordo plenamente: "É impossível amar alguém 15 minutos por dia";

5) Deste modo, e acrecentando uma informação retirada de um texto que li há algumas semanas, em que era referido que uma parte muito significativa da nossa personalidade está formada aos 7 anos, penso que devemos ter muito cuidado com o relacionamento com os nossos filhos, procurando oferecer-lhes aquilo que eles realmente precisam (afecto, amizade, valores, ...) e não apenas distanciamento acompanhado de bens materiais que nos ajudam a "calar" a nossa própria consciência e que contribuem para a formação de um futuro adulto marcado pelo egoísmo;

6) Quando eu era criança não havia playstation e devo dizer-vos que nunca encarei positivamente esse tipo de brinquedos (quando não devidamente controlados) que nos isolam... mas tinha os meus pais sempre presentes que desde cedo me ensinaram a partilhar o meu tempo com os meus amigos e a criar relações de amizade;

7) Acho que tive uma infância feliz e é esse tipo de infância que pretendo vir a dar aos meus filhos;

8) A evolução da "Sociedade" não se centra apenas na sua evolução técnica e científica, mas também nos seus valores. E, mais uma vez digo, a "Sociedade" somos nós e aquilo que fazemos dela.


Abraços,

AMR

António Rodrigues disse...

E agora uma análise a este post numa outra perspectiva: O meu Pai!

Aproveito para deixar aqui o seguinte testemunho: Eu gosto muito do meu Pai!

Não vou dizer que é o melhor pai do mundo, porque certamente que todos vós lhe pretenderiam usurpar o trono, mas só quero deixar bem vincado que tenho por ele uma admiração sem limites principalmente porque nestes já trinta e alguns anos que o conheço o vi passar por situações bem difíceis e manter sempre a mesma forma positiva de encarar a vida, nunca dando o mínimo sinal de pretender descarregar o que de negativo lhe acontece sobre as outras pessoas.

E não é nada fácil ser assim!

Eu tento e nem sempre consigo...

Portanto, para o meu Pai (que não irá ler este comentário, mas que sabe o que eu penso dele) aqui vai um grande abraço!

AMR

Mediha Gündoğan disse...

Rui,

Acrescento só que concordo 100% com o Antonio para dizer que na quantidade de coisas que é preciso dar aos filhos é preciso mais que dinheiro.

Portanto volto a reafirmar que é um sinal de responsabilidade social de muitos potenciais pais optarem por ter filhos mais tarde simplesmente porque sabem que apesar de terem condições económicas para isso, não vão ter mais do que os 15 minutos de que o Antonio fala.

Portanto, acho altruista nao querer ter filhos quando se sabe que não se tem tempo, não acho egoísta da parte dessas pessoas não filhos porque não têem tempo ou não querem arranjar tempo.

Acho que não querer ter filhos por opção, não é egoísmo, nem crise da sociedade.

Não critico as pessoas que escolherem essa via para a sua vida, respeito a 100%.

Mais digo ainda, por não terem filhos, têem possibilidade acrescida de contribuirem, mais do que os outros, através do seu trabalho, para a sociedade como um todo (todos nós) e por isso até devemos estar agradecidos aos que o fizerem.

Estou a pensar em determinadas profissoes como os juizes, em que conheço de facto pessoas que pela mobilidade e carga de trabalho a que estão sujeitas dificilmente têm uma vida "tradicional".

PC

MGV disse...

Eu não estou a agradecido a este ou aquele por não ter filhos e porque preferiu dedicar-se a uma profissão afincadamente. Foi uma opção da pessoa e não um gesto altruista.

Claro que ter ou não ter uma família tem que ser um acto consciente, livre e fundamentado.

Mas como acto consciente as opções têm que ser claras. Não tenho família porque prefiro imputar o meu tempo a outras coisas porque a minha situação financeira não me permite ter um filho e manter o meu nível de vida ou porque simplesmente não quero. porque não sinto qualquer apego à maternidade ou paternidade [porque também existem essas pessoas]. Enfim, porque razão for.

E claro que acreditando nesses argumentos, achando os mesmos válidos, a atitude consciente é não ter filhos ou formar família.

Mas para a generalidade das pessoas e nestas me incluo e de quem estava a falar estamos é a adiar a tomada de decisões, de dar passos. E por motivos que eu considero pouco válidos.

Criamos momentos e condicionantes para que as decisões sejam tomadas não porque acreditamos relamente nelas mas mudar o nosso statuos quo é mudar o nosso bem estar, a nossa vida como a conhecemos.

Para mim a questão não é ter ou não ter filhos. Aí todos os argumentos são válidos porque a decisão é pessoal. Mas sim o momento.

Adiarmos o momento, porque já não temos 20 anos, porque já trabalhamos à algum tempo, porque já temos a nossa casa, porque já temos o nosso carro, porque já temos algum desafogo financeiro ,enfim, porque já temos as condições necessárias é motivados por egoismo encapuçado pela ambição do momento ideal.

Rui.. tudo a ter filhos!!!

RMB disse...

Pedro eu prometo-te que me esforçarei sempre para perceber o que tu e toda a gente diz.

Não sou de facto da opinião que "muitas pessoas antes dos 35 anos sentem que não têem condições para ser pais ou têem medo e não querem correr os riscos."

Repeito absolutamente decisões individuais, respeito quem não queira ser pai. Compreenderás que não se trata da generalidade das pessoas.

Não concordo é de facto com a "cobardia" de muita gente em não admitir, até para si mesma, que provavelmente não existirão factores de tal foram determinativos que te impeçam de ser pai, caso seja a tua vontade, para além do que eu já defendi, assim como a Gabriela e posteriormente o António
"2) Penso que muitas vezes se adia o momento de ser pai muito mais por estarmos a pensar em nós próprios do que nos nossos descendentes".

Eu não acuso ninguém, ao contrário do que dizes. Pelo menos não o faço num sentido tão prejurativo que encerra normamlemente uma acusação.
Apenas é minha opinião, num sentido de reflexão colectiva, que, de facto, o egocentrismo e o comodismo são factores muito importantes na tua e na minha decisão de não ter filhos tão cedo.
Não adianta muito esconderes-te atrás de outros argumentos, que por si só não explicam a decisão generalizada de hoje me dia se ser pai com mais idade.

Não acho que ao dizer isto esteja a demonstrar uma "superioridade intelectual" e "arrogância". Estou a falar também para mim.
Acho que seria um pouco esquizofrénico estar a ser arrogante para mim mesmo.
Mas admito a tua opinião. Será que estou a ser "demasiadamente polémico para este Blogue" (a quem é que eu já ouvi isto?!)

Não gostei da tua "mea culpa", num sentido de vitória pessoal.
Gostei porque mostraste ser capaz de a fazer. Eu confesso-te que tenho normalmente dificuldades nisso, mas comprometo-me a realizá-lo sempre que for adequadamente alertado para tal.

Gostava apenas de acrescentar a minha concordância com "porque o gajo (solitário) é basicamente um parvo."

RMB disse...

António,

gostava só de te felicitar pela tua demonstração pública de afecto e estima pelo teu pai