domingo, 25 de fevereiro de 2007

FACTOS sobre a IVG, a Europa, e NOS

Desculpem a interrupcao. O futebol segue dentro de momentos ...

Agradecendo imensamente ao Miguel por me ter obrigado a pesquisar tanto sobre o aborto para lhe poder responder a ele e a todos os afectados mentais que votaram NAO e consequentemente concordam com isto:

O aborto (ou interrupção voluntária da gravidez) é definido pelo Código Penal como crime contra a vida intra-uterina (artºs 140º e 141º). - a mulher grávida que abortar é punida com pena de prisão até 3 anos (artº 141º/nº3).

Aproveito para partilhar alguns factos importantes que descobri para poder responder ao Miguel, para nao se pensar que eu so algum comuna radical com mau feitio. (aproveito para deixar aqui claro que nunca em eleicao nenhuma votei em nenhum partido, embora ja tenha votado em branco). So so um portugues que gosta pouco que Estado brinque com os meus direitos enquanto cidadao. Nunca tive confrontado com situacoes de aborto. So conheco uma pessoa, e foi a Espanha, claro. A um pais de primeira, se me permitem.

1.
A Irlanda é o único país da União Europeia onde o aborto é, face à lei, proibido em qualquer circunstância. De referir que quando a Irlanda assinou, em 1992, o Tratado de Maastrich, recebeu a garantia de que as suas leis restritivas em matéria de aborto não seriam afectadas. Portugal não contempla as razões económicas e sociais como causa para a mulher realizar um aborto, ao contrário do que acontece com a esmagadora maioria dos outros países europeus

2.
O Parlamento Europeu aprovou, em 3 de Julho de 2003, uma resolução sobre direitos em matéria de saúde sexual e reprodutiva da qual destacamos:

“12. Recomenda que, a fim de salvaguardar a saúde reprodutiva e os direitos das mulheres, a interrupção voluntária da gravidez seja legal, segura e universalmente acessível;

13. Exorta os governos dos Estados-membros e dos países candidatos à adesão a se absterem, em quaisquer circunstâncias, de agir judicialmente contra mulheres que tenham feito abortos ilegais;”.

3.
O CEDAW (Comité das Nações para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres), na sua 26ª Sessão, realizada entre 14 de Janeiro e 1 de Fevereiro de 2002, recomendou a Portugal:

“42. O Comité está preocupado com as leis de aborto restritivas em vigor em Portugal, em particular porque os abortos clandestinos têm sérios impactos negativos na saúde das mulheres e no seu bem-estar.

43. O Comité insta o Estado membro (Portugal) para que facilite o diálogo nacional sobre a saúde reprodutiva das mulheres, incluindo sobre as leis restritivas de aborto. Solicita também ao Governo para que promova a melhoria dos serviços de planeamento familiar, assegurando a sua disponibilidade a todas as mulheres e homens, incluindo adolescentes e jovens. O Comité solicita ao Estado membro que inclua informação no seu próximo relatório sobre mortes e/ou doenças relacionadas ou consequência de aborto clandestino.”


As mulheres, portugueses e EUROPEUS, agradecem a toda a gente que votou SIM.

Os que votaram NAO....

Mudem de pais, ou mudem de mentalidade.

18 comentários:

solitarioh2005 disse...

E o Império romano não organizava os espectaculos do coliseu no ano 50 ? Estávamos no apogeu do império e da civilização.

E significava isso que o que vinha da grande europa era civilizado ?

Pelo menos mais tarde os combates de gladiadores foram considerados barbarismo.


2- Menos de 70 anos atrás os alemães fuzilavam aldeões franceses em massa.

Matava-se na europa inteira.
A guerra fez dezenas de milhões de mortos.

Não se pode pois concluir que algo só por vir da europa é civilizado ou recomendável.
Da europa veio o fascismo.

Quem é contra o aborto tem todo o direito de continuar a sê-lo. Afinal após o penultimo referendo em 1988 salvo erro, os defensores do sim não desarmaram e continuaram a sua campanha a favor do aborto.

Os defensores do não têm os mesmos direitos.

Se uns tiveram direito a fazer campanha plo sim durante anos, os partidários do não têm iguais direitos de defender as suas ideias.


Quanto às ideias da europa.., ninguém alguma vez conseguiu demonstrar que um feto fosse feijão verde. isto é, algo descartável e sem valor.

solitarioh2005 disse...

Os defensores do não , não têm de mudar de mentalidade.
Ao longo da historia a falta de respeito pla vida e pelo outro foi responsável por inumeros cataclismos , massacres .

O ser humano é que deveria aprender a respeitar a vida humana e desde a alvorada da humanidade que o não faz.

Se todos respeitassem a vida não haveria guerra.

solitarioh2005 disse...

Quanto a essas resoluções, são idiotas.


"Comité das Nações para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres), na sua 26ª Sessão, realizada entre 14 de Janeiro e 1 de Fevereiro de 2002, recomendou a Portugal:

“42. O Comité está preocupado com as leis de aborto restritivas em vigor em Portugal, em particular porque os abortos clandestinos têm sérios impactos negativos na saúde das mulheres e no seu bem-estar..".




Esses comites são contra a discriminação e defendem o aborto.

Esquecem-se porém é que as grandes vitimas do aborto são as mulheres.


113 million and 200 million women around the world are "missing."

Entre 113 milhões e 200 milhões de mulheres estão "desaparecidas ")

In countries where the birth of a boy is preferred, selective abortion and infanticide eliminate female babies.

(Em paises onde o nascimento de um rapaz é preferido o aborto selectivo e o infanticidio eliminam os bébés do sexo feminino )



O aborto consagra a igualdade, sustentam.
O ùnico problema é que hà paises em que se abortam as mulheres.

Uma mulher, por ser mulher, nem sequer nasce- é logo morta.


Então como é?

Promove-se a igualdade defendendo o aborto que extermina as futuras mulheres ?

É assim que se defende a igualdade , defendendo soluções que resultam no exterminio de milhões de futuras mulheres?

Clique para ver artigo


E para mais a mulher tem direito a abortar..., mas o homem não tem direito a recusar o filho.

O aborto não traz igualdade.

O aborto neste momento é uma das causas da desigualdade.
São abortados fetos femininos mas os masculinos , deixam-nos nascer.

Vive a igualdade versão nações unidas onde a mulher já nem sequer nasce- é abortada.


Conclusão : Não faz sentido dizer que a mãe tem direito à escolha.

Esse direito faz com que se eliminem os bébés do sexo feminino ?
É assim que se acaba com discriminação ?
Impedindo bébés femininos de nascer ?

A ideia do aborto é um aborto.
As pessoas não são shampoos nem marcas de chocolate para se ter direito a escolhe-las ou não conforme se queira.

RMB disse...

Quem é o solitarioh2005?

RMB disse...

Vamos lá todos tomar um copo de água!!
Está sempre tudo muito nervoso.

Não sei se sabem, mas o processo do referendo foi já concluido e...
Tchanam!
Existe um resultado final.

Não tem que existir um cenário de unanimidade neste assunto. É impossível! E isso ficou demonstrado na campanha.

Estou certo que na sociedade que (quase) todos defendemos existe lugar à pluriedade de opiniões.

Assim, meus caros, existem duas formas de sustentar uma posição:

A racional e ponderada, em que existe uma exposição equilibrada e perceptível de argumentos, sem qualquer tipo de ataque pessoal ou desprimor pelo interlocutor;

A exacerbada e descontrolada, em que a sílaba tónica deixa de residir na mensagem a ser passada (comprometendo seriamente a sua compreensão!) e infelizmente acaba por recair no confronto pessoal e num autismo indesfarçável dos intervenientes.

Parece-me que todo este debate de ideias começou de uma forma saudável e interessante. Será que existe alguma necessidade em que o mesmo resvale agora para um cenário de intolerância e extremismo?

As sociedades-paradigma que têm sido aqui defendidas, em minha opinião, não concebem apenas uma corrente de pensamento.
Um sinónimo de evolução é, necessariamente, a compreensão e o repeito pelo que é diferente.

E parem lá, de uma vez por todas, de partidarizar esta questão, pois apenas estão a desprovê-la da importância absoluta que merece.

Sim ou Não já pouco importa, neste momento.
O fundamental será a reunião de competências e das diferentes perspectivas de análise no sentido de ser elaborada a nova lei, que permita a resolução definitiva desta problemática.

Parem lá de chover no molhado!
Até porque já ficou provado o quão irredutíveis são as vossas posições.

António Rodrigues disse...

Cada um tem o direito de ter a sua opinião, de a exprimir e de a defender.

Mas também acho que tem a obrigação de a assumir, não se escondendo atrás de nenhum nick...

Abraços,

AMR

Mediha Gündoğan disse...

Rui, isto e um espaço de debate, nao temos que ser sempre politicamente correctos, especialmente para pessoas que defendem isto:

Olha, Solitarioh2005:

Repito para ti as palavras que dirigi ao Daniel (com o detalhe da assinatura).

Eu, "Anonimo Cobarde", contra as recomendações do Parlamento Europeu, acho que todas as mulheres não violadas, cujos fetos nao tenham deformidades e que interrompam a sua gravidez após uma semana de gravidez devem ser presas 3 anos.

Mais acrescento: "Acho isto bem, mesmo que elas tenham abortado por não terem a minima vontade ou capacidade de ser maes ou condiçoes socio-economicas para educar e criar uma criança."

A minha razao para isto, é que já existe uma célula fecundada, que tem o direito a tornar-se um bébé dai a nove meses, a menos que seja anormal ou o pai tenha violado a mae, casos em que, ja nao tem direito a nada.

ASS: Solitarioh2005 "Moralista e Especialista em assuntos da Vida"
que nao tem coragem de dar a cara por isto.

Mediha Gündoğan disse...

E solitarioh2005:

Em relação ao resto dos disparates que escreveste, se nao gostas da Europa, vai para outro lado.

Espero que te ponham na Coreia do Norte, por exemplo, num buraco de uma explosao nuclear ainda fumegante, com mais todos os nazis e todos os tipos que fazem limpeza genetica e guerras, e depois que fechem a porta e te deixem ficar la bem no fundo.

Talvez ai nao estejas tao solitario com os teus novos amiguinhos.

E by the way, uma correcção:

Nao tens razao, nao tens que mudar de mentalidade, Tambem nao tens que mudar de país. Nos aceitamos-te por cá. Somos boa gente, até para ti.

Quem tinha que mudar de mentalidade ou de pais eram as mulheres que nao queriam ser forçadas a continuar a gravidez neste país por tua causa.

Felizmente, isso foi alterado, para bem do progresso do nosso país.

Pedro Costa

RMB disse...

Ponto 1.
Pedro e António, não quero acreditar que o nosso novo amigo "solitarioh2005" seja alguém nosso conhecido, pelo que estar identificado dessa forma ou com o nome de Gonçalo Albuquerque é exactamente a mesma coisa para todos nós.
Talvez possa cá ter chegado através de uma busca no Google à palavra "aborto". É a minha primeira hipótese. Quer-me parecer que será a palavra mais escrita na curta existência deste "e-Jantar da Quintas".
(Já agora, solitarioh2005 é um pouco depressivo! Aqui no blog ninguém é solitário, meu amigo. Se continuares a aparecer por cá podias mudar o teu nick para qualquer coisa menos soturna!)

Ponto 2.
Pedro, não te estou a pedir para seres sempre politicamente correcto, pois assim não conseguirias emitir com clareza, genuinidade e sem qualquer reserva a tua opinião. E não é, de todo, isso que se pretende.
Apenas sugeri que o possas fazer sempre em concordância com o que nos foste habituando, dentro e fora do Blog, isto é, com inteligência, eloquência, ironia e boa disposição.
Não penso, de resto, que isso seja impeditivo para que expresses integralmente as tuas ideias, muito pelo contrário.
Apenas acredito que ninguém sai a ganhar com um debate de guerrilha.

A despenalização do aborto é uma questão particularmente importante para quem é interessado e preocupado com a dinâmica social e a dimensão humanista da nossa existência.
Pelo compêndio de informação publicada nos teus posts e comentários, é óbvio que dedicaste bastante tempo e atenção ao assunto.
Sinceramente, não concordas que todo esse investimento acaba "sacrificado" no momento em que se extremam demasiadamente posições ou em que são perpetrados excessos de linguagem?

Vamos lá... "Contenúem, maze com moderazão...zê, zê, zê!

DDB disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
DDB disse...

AMR disse...26/2/07 11:35 AM

"Cada um tem o direito de ter a sua opinião, de a exprimir e de a defender.

Mas também acho que tem a obrigação de a assumir, não se escondendo atrás de nenhum nick..."


Faço minhas as palavras do António
pois teria todo o interexe em saber km está por trás do nick pois não hesitaria em o colocar em tribunal com a acusação de PLÁGIO(vide comentário do Pedro de e 26/2/07 6:24 PM)!

Mas como não escrevi nenhuma carta sobre o aborto...não o colocaria!

Volto a dizer ninguém se deveria esconder sob 1 nick e deveria axumir sem complexos as suas posições (concordo cm o Rui de k será 1 pexoa nossa conhecida) mesmo
kd existem pessoas k não aceitam diferenças de opinião (não é Pedro?!). O tempo do pensamento único (ditaduras) já lá vai, pelo menos na Europa!

Mediha Gündoğan disse...

Ola Daniel,

Tu gostas muito de por pessoas em tribunal .. isso ja sabemos.

Principalmente mulheres.

Deixa-me pegar nas tuas palavas sobre a ditadura do pensamento para te recordar que tue o teu movimento do NAO não dao qualquer liberdade a qualquer mulher, em qualquer situação a decidir interromper a sua gravidez, sob pena de três anos de prisão.

Nao das o direito de expressao a ninguem, queres impor que ha um crime e com criminosos nao se dialoga, como sabes, prendem-se!

Rui,

Peço desculpa por alguns excessos de linguagem!

Eu sei que podem penalizar a clareza dos meus argumentos.

Mas tambem te peço, para, dentro do teu papel moderador e apaziguador,para apontares o dedo aos verdadeiros extremistas, radicais, talibans do pensamento: Os defendores do NAO.

A minha tarefa aqui e dificil, porque lido com a mentalidade do "a partir do 1 segundo de vida, não ha retorno".

Isto é que é o extremar de posições. Eu nao extremei nada! Eles à partida ja nem querem falar. 3 anos de cadeia e mais nada. Nao admitem a opiniao dos outros.

Eu sempre fui o adepto do dialogo, bom sendo, dialogo, respeito pelos outros (excepto seres ainda nao vivos quando a mae nao os quer gerar, isso desculpa la!).

E ve la a quem e que interessa a guerrlha aqui. Ve la aos estratagemas que recorrem:

- Tentar desviar a conversa para as causas do aborto, quando a pergunta era "concorda em despenalizar?".

- ataque pessoal acusando os outros de serem comunistas

- descrições macabras de pedaços da anatonomia de um ser em formação (esquecem-se de dizer que antes das 5 semanas, nao ha absolutamente, NADA!!)

- acusações de que da Europa nao vem nada de jeito (?)

-

Olha Rui, e infelimente, a questao do aborto nao e preocupante para quem "é interessado e preocupado com a dinâmica social e a dimensão humanista da nossa existência", como tu dizes!!

É importante para quem tem que se sentar num TRIBUNAL para ser julgado para ser privado da sua liberdade !!!!

Dizes tu: "O fundamental será a reunião de competências e das diferentes perspectivas de análise no sentido de ser elaborada a nova lei, que permita a resolução definitiva desta problemática."

condordo!

Mas RUI, os gajos nao querem "reunião de competências" nem "análise", nem "elaborada a nova lei"!

Os gajos querem e votaram PRISAO.

Esta tudo discutido para eles.

Ha uma vida. Ponto final.

"Um sinónimo de evolução é, necessariamente, a compreensão e o repeito pelo que é diferente. "
dizes tu tambem!

Eles nao respeitam tudo o que é diferente do "paradigma da vida aos 1 segundo de vida"!

Isto nao é "resvale agora para um cenário de intolerância e extremismo?" como tu puseste atras?

Poe-te no meu lugar.

Estas pessoas nao querem falar. Querem proibir e so apresentam uma justificação valida.

"A vida é inviolavel". Mas toda gente percebe que nao existe ainda outra pessoa e tambem nao explicam (fogem convenientemente) porque e que aplicando a mesma logica um anormal nao tem direito a nascer e o filho de um pai violador e uma mae violada nao tem direito a nascer. Aplicando a logica deles, pode vir a ser um Einstein!

O argumento deles e muito fraco, por isso recorrem a manobras de de diversão...

:)

RMB disse...

Pedro, desde algumas semanas atrás já mais ninguém será levado a tribunal, em Portugal, por estas razões.
Será, inevitavelmente, essa uma das consequências do resultado do referendo.
Apesar de juridicamente não ser vinculativo, já foi assumido por todos os quadrantes políticos, com a excepção, por omissão, do CDS-PP, que a vontade expressa pela maioria dos portugueses que participaram na votação será respeitada.

No entanto, naturalmente existirá sempre quem concorde e quem não concorde. E o mais "engraçado" da vida em sociedade é mesmo isso. Diversidade!
A existência humana só é gratificante entendida dessa forma.
Triste seria o dia em que todos nós pensássemos e agíssemos da mesma forma.

Felizmente vivemos numa altura em que a liberdade de expressão é um dado adquirido e em que ninguém impõe aos restantes o que quer que seja.

Talvez a Democracia não seja o último sistema político para organização da vida em sociedade que a raça humana irá desenvolver, mas é certamente a melhor hipótese das que foram postas em prática ao longo da História.

Todos os que votaram, independentemente da sua opção, merecem respeito e consideração, pois participaram activamente numa decisão complexa e muito polémica. Não viraram a cara ao desafio. Mostraram que se sentiam suficientemente capazes e confiantes para dizer de sua justiça. E isso, em última análise, é um sinal de uma sociedade evoluída, num grau superior de maturidade.

Mediha Gündoğan disse...

Ola Rui,

100% de acordo em relação a tudo o que tu dizes.

Mais, estou a por em pratica, estou a ter um debate de ideias com algumas pessoas.

Pelo facto de ter sido votado, já não se pode discutir?

O curioso, é que estou a debater uma questão que se prende exactamente com algumas pessoas que não gostam de LIBERDADE de opiniões (E EXERCICIO DE DIREITOS)relativamente ao que é um feto de dois semanas.

No fundo, estou a combater o mesmo mal que tu: os intolerantes.

E continuarei a faze-lo enquanto eles quiserem discutir comigo pontos que tem a ver com os meus direitos de liberdade.

Estamos 100% de acordo!

RMB disse...

Não me interpretes mal, caríssimo Pedro.

As minhas intervenções foram exactamente no sentido de continuares a ter um "debate de ideias com algumas pessoas".
E para que continue a ser APENAS (atenção que aqui o "apenas" não pretende diminuir a sua importância) um "debate de ideias com algumas pessoas".

That´s (only) it.

Espero que continuem a esgrimir argumentos mas sem um clima de "cruzada contra os infiéis", sem quaisquer tipo de fundamentalismos.

E é esse o ponto de partida em que deveria assentar a discussão.

Não existe neste tema qualquer tipo de superioridade moral de um lado em relação ao outro.
Apenas formas diferentes de olhar para as coisas, que se explicam por uma série de factores perfeitamente subjectivos, como a educação, a religião, as diferentes experiências de vida, a proximidade e o conhecimento intrínseco destas situações, a identificação com conceitos teóricos diferenciados, a importância dada aos "opinion makers", etc.

A mim custa-me a acreditar que algum dos intervenientes no debate (com a excepção do solitarioh2005, pois não faço a mínima de quem seja!) possa ser alguma vez apelidado de intolerante ou que coloque minimamente em causa os direitos de liberdade individual.

E resumo o que quero dizer com uma estrofe do tema Corduroy, dos Pearl Jam:
"Can't buy what I want, because it´s free!
Can't buy what I want, because it´s PEACE, man!"

Mediha Gündoğan disse...

Rui! De volta ao blog,

100% de acordo!

Infelizmente, tu já estás muito à frente... :)

Eu ainda nao consegui chegar ao ponto de partida que referes tão bem, ainda nao pude sair dos blocos para a discussao e reconhecimento e respeito uns pelos outros, porque me sinto à partida, desrespeitado pelos Miguel e Daniel, pegando nas tuas palavras:

"Não existe neste tema qualquer tipo de superioridade moral de um lado em relação ao outro"

Lamento discordar ...

Eles dizem "aborto = crime . ponto final" (palavras do Miguel, nao Minhas). Existe um facto ilícito (diz tambem o Miguel).

Em qualquer situação.

Isto é baseado em conceitos morais. (acreditam que existe uma vida)

A partir daqui, não mexem 1 milimetro. Nao mexem um segundo no "deadline" moral que traçam para se poder interromper uma gravidez.

E afirmam, com todo o orgulho, que estas pessoas devem ir para a cadeia.

Isto não evidencia superioridade moral?

Não vejo discurso possivel com eles, o Miguel recusou liminarmente "negociações" sobre o tempo em que a vida começa.

De quem é a culpa de não se poder falar?

Quem é o fundamentalista?

Parece evidente que ha alguem aqui, pelo menos um, tu diras dois.

Explica-me o que posso fazer daqui para a frente para nao ser fundamentalista.

Reconhecer que eles teem direito a achar que uma mulher deve ser presa por fazer um aborto?

Sim senhora! Reconheço imediatamente quando eles me derem uma razao,uma que seja. (NAO DE SUPERIORIDADE MORAL!) (NAO CATOLICA) (NAO PORQUE TEMOS VIVENCIAS DIFERENTES) ?!?!.

Se não, é como eu dizer que este blog devia ser apagado e removido da Internet.

Porque sim. Dizias tu, porque?

Porque é feio. Não discutivel.

E tu dizias, és um fundamentalista.

E eu dizia, és um fundamentalista porque não me deixas ter uma opiniao diferente.

Em que ficavamos? Exactamente onde estamos agora ...

Se reparares eles ainda nao deram um unico argumento pelo qual acham que a mulher é sempre uma criminosa, alem da concepçao moral da vida. (a superioridade moral deles)

Nem mais um motivo. Nem mais um.

Falaram de causas de aborto deviam ser tratadas, que depenalizar nao resolve, da "crise de valores da sociedade", que eu era um comunista, que isto e o caminho mais facil, que o Estado nao esta a cumprir o seu papel para resolver de outra forma, que esperam que eu nao morra num hospital, enquanto se faz um aborto, que os bebezinhos de 5 semanas têem coração (antes nao tem nada, esqueceram-se de dizer), ....

para nomear alguns que me lembro.

Para justificar que as mulheres devam ser presas, apenas um: "Existe uma vida".

Um facto tao palpavel como eu dizer que uma planta tem uma vida.

E depois?

É um crime ceifar esta vida.

Porquê?

Porque é uma vida, e tu não tens respeito pela vida!

Portanto prisão está certo.

A sério, explica.me Rui. Ajuda-me. Ajuda-me a discutir com esta malta porque eu acho que nao se pode

Diz-me se estou errado, sinceramente.

Quem é intolerante? Como se pode discutir isto se eles se recusam a discutir a razao deste importancia toda que atribuiem aquela vida com 5 dias ou 5 semanas.

Sou fundamentalista?

Peço a tua ajuda, mesmo, Rui.

RMB disse...

Pedro, não te consigo ajudar.

A posição do Daniel e do meu irmão terá de continuar a ser defendida e explanada por eles.

A minha, necessariamente distinta uma vez que votei sim, ficou já resumidamente explicada num post do dia 7 de Fevereiro.

Este é um tema muito díficil, Pedro. Penso que concordarás. Não é obviamente fácil e imediato chegar a consensos.
Provavelmente nem sequer se conseguirá começar do mesmo ponto de partida.

Acredito, depois de tudo o que foi dito e escrito, não apenas neste Blog, mas principalmente na altura da campanha para o referendo, que o melhor é aceitar a ideia de que vão existir sempre pensamentos opostos.

Não serás concerteza um fundamentalista, Pedro. Até porque no limite te faltaria ou um bigodezinho árabe ou umas caracoletas de judeu para isso. :)

Penso que não deves exasperar tanto só porque a tua ideia, ou parte dela, não consegue passar ou porque não é aceite/entendida pelos teus interlocutores nesta discussão.

A questão de uma vida começar mais tarde ou mais cedo depende da predisposição com que a olhas para ela. Nem os verdadeiros especialistas estão de acordo quanto a isso.

Não vou entrar na discussão concreta do tema da despenalização do aborto, pois já perdi o barco desde o ínicio.
Apenas te direi que a leitura que retirei da campanha foi a de que, felizmente, dos dois lados da barricada existem pessoas equilibradas, com posições racionais, suportadas por argumentos concretos e perceptíveis, e que interiorizam com naturalidade a existência de uma opinião contrária.

Mas também existiu e existirá muito malta confusa, que extrema demasiadamente as posições, que tem leituras formatadas das coisas, talvez pela influência (indesejável) das diferentes facções partidárias.

Gostava apenas de realçar que não estou de acordo quando defendes o afastamento de tudo o que é subjectivo da discussão. É impossível. Coisas como a ética, a moral, a religião (etc) são indissociáveis da tua dimensão humana e consequentemente da tua visão e opinião acerca de tudo.

Finalmente, gostava de me servir do teu exemplo.
"Este Blog deve desaparecer."
Tu concordarias e eu não.
A coisa seria discutida mas as posições continuariam irredutíveis.
Poriamos isso à discussão dos bloguistas e por decisão da maioria dos votantes o Blog teria de desparecer.
"Tuff break". Lá deixaria de existir o Blog de acordo com as regras que orientam um sistema democrático.
Mudaria eu de opinião quanto à pertinência do Blog? Não, obviamente. O que não quer dizer que não tivesse de acatar a decisão. Eu e tu continuariamos para sempre em campos opostos quanto ao Blog, se realmente acreditassemos no que defendemos inicialmente. Mas isso não alteraria nada até ao dia em que uma nova maioria decidisse pela sua reimplantação.

É um pouco o que acontecerá aqui, com as devidas distâncias, obviamente.

E o lado bom para ti no caso da despenalização do aborto (e já agora no da extinção do Blog)... Tu defendes a posição que saiu ganhadora!

Abraço.

Mediha Gündoğan disse...

Bom dia Rui!

Mais uma vez, palavras acertadas meu amigo! Como é óbvio pelas tuas palavras, és um grande democrata.

Aliás, tal como eu.

Que o Miguel nao vai mudar de ideias, sei eu. Porquê, tambem eu sei (moral, subjectividade). Que nós nunca vamos sair daqui, tambem sei. Exasperado? Nao vou ficar.

Estamos empatados em opinioes.

O que eu quero deixar bem claro aqui, é que questões LEGAIS nunca podem ficar empatadas.

O Miguel tem que aprender que a liberdade de expressão, moralidade, opiniões é uma coisa, LEI é outra.

Quanto mais nao seja porque existe sempre uma presunção de inocência até prova em contrário.

E aqui é que vem um problema com a subjectividade. Passo a explicar:

Tu disseste:

"Coisas como a ética, a moral, a religião (etc) são indissociáveis da tua dimensão humana e consequentemente da tua visão e opinião acerca de tudo."

É verdade.

No entanto, admitirás que a lei e a democracia nao são bem a mesma coisa.

Não é por acaso que se separa a religião do Estado nos países civilizados. Que se coloca nas constituições (lei fundamental dos países) a igualdade e não discriminação em base sexo, raças, credo, cor, ideiais, o que tu quiseres.

Concerteza perceberás que o que não é ético, moral ou católico, não pode nunca APENAS por esse motivo ser ILEGAL.

Concordas?

A lei deve poder baseada em nada que não seja objectivo, porque o seu propósito é exactamente resolver conflitos de direitos.

O meu direito acaba quando o teu começa (disse, e bem o Antonio).

Tambem concordarás que qualquer lei que se pretenda promulgar, não vai a referendo.

Não se faz um referendo a perguntar: "Acha que se devia fazer isto ou aquilo?"

O que se faz é: Havendo dúvidas, Envia-se para o tribunal constitucional, que diz se é ou não contra a tua constituição.

Certo?

Isto impede que tu um dia, faças um referendo sobre "Acha que o homicídio deve ser legal?".

99% das pessoas podem até achar uma pessoa culpada de algo, mas, se não for provado em tribunal, ela sai livre. Correcto?

A lei dos 51% ja nao se aplica.

As pessoas teem que estar protegidas face a abusos, até da maioria. Para isto exigem leis e constituições.

Que se querem neutras a impermeaveis a crenças.

Dai (e voltando as tuas palavras sabias):

A questão de uma vida começar mais tarde ou mais cedo depende da predisposição com que a olhas para ela. Nem os verdadeiros especialistas estão de acordo quanto a isso.

Pergunto entao, nao podendo os especialistas falar (e nisso ate o MIGUEL concorda),como e que se defender a privação da uma pessoa da sua liberdade por um acto que é completamente sujectivo?

????

Isto, é contra os principios de qualquer democracia!

Acho que foi isto, essencialmente isto que eu, o Parlamento Europeu, eu, tu, a maior parte dos votantes percebeu.

Lá por ser complexo, tudo tem uma solução. Não há problemas sem solução, é preciso é ter a coragem de ir ao fundo da questão e ultrapassar os preconceitos e crenças e analisar a coisa friamente.

Coisa que os intolerantes, por definição, não são capazes de fazer!!!!

Por isso desculpo o Miguel.

Ele, por definição, não consegue chegar tão longe como nós.

Eu gostava que ele chegasse, mas ele não consegue.

Se calhar realmente, estou a perder o meu tempo ...

:)


PS: Boas notícias para ti. O nosso blog nunca serà apagado por ser feio, mesmo que 99% das pessoas votem nisto. Há uma coisa na constituição que se chama "liberdade de expressão", outra que se chama "liberdade de propriedade privada", etc...

Coisas que nao sao referendaveis.

Felizmente, estamos defendidos contra os intolerantes.

Noutros paises dos tipos com turbantes e barbichas ainda nao.... a seu tempo la chagarao ...

:) Abraços!

Confesso que e muito mais facil falar contigo que com o teu irmao! Bem agora vou la ao outro post 48 para ver que mais alarvidades ele despejou para la ...